1. A última semana ficou marcada por 3 temas: (a) o movimento de subida das yields do Tesouro nos EUA, (b) a incerteza em torno do novo governo em Itália e (3) a manutenção de um ambiente desfavorável para os mercados emergentes (num contexto de dólar mais forte e subida das yields dos Treasuries).
2. A yield a 10 anos dos Treasuries conseguiu afastar-se do nível dos 3%, o que acabou por ter implicações nas obrigações da Alemanha, com a yield para igual maturidade do país a aproximar-se do seu máximo de abril. Nos EUA e na Alemanha, e apesar da subida na cotação do petróleo, o movimento acabou por refletir, não tanto uma subida mais forte das expectativas de inflação, mas principalmente taxas de juro reais mais elevadas. Aliás, nos EUA assistiu-se, na última semana, a um aumento da probabilidade de termos este ano um total de 4 subidas de 25 pontos de base na fed funds rate, sendo que a expectativa para 2019 é já de 2 subidas de 25 pontos de base (o que compara com uma mediana de 3 subidas para as projeções dos membros do Comité de Politica Monetária da Reserva Federal dos EUA), segundo os futuros da fed funds rate. De salientar também que continua a aumentar a diferença entre as yields de EUA e Alemanha nos 2 e 10 anos, o que traduz provavelmente a diferença entre as políticas monetárias do Banco Central Europeu e da Reserva Federal dos EUA.
3. Em Itália, 5 Stelle e Lega parecem estar próximos de apresentar uma solução de governo. Os receios em torno das medidas orçamentais que poderão ser implementadas, e a postura de confronto esperada face à Comissão Europeia, provocaram já um aumento das yields e dos spreads da dívida italiana, com algum efeito contágio a Grécia, Espanha e Portugal. O posicionamento dos investidores (que atribuíam uma baixa probabilidade a um governo entre estas duas forças políticas) sugere que a dívida do país poderá manter-se suscetível ao fluxo de notícias das próximas semanas, apesar dos fatores atenuantes mencionados no comentário da semana passada. O aparecimento de notícias positivas em termos do contexto macro na área do euro poderia revelar-se importante para limitar o efeito de contágio ao resto da periferia.
4. A divulgação da leitura preliminar de maio para os índices PMI da IHS Markit na indústria, serviços e total do setor privado da economia referentes à França, Alemanha e área do euro (dia 23) representa o destaque do calendário económico da próxima semana. Tendo em conta alguns sinais de estabilização observados na leitura de abril, o valor preliminar de maio poderá ser importante para os mercados financeiros (e o Banco Central Europeu) avaliarem das perspetivas para a evolução da economia no 2º trimestre de 2018, segundo este indicador coincidente, após o abrandamento observado nos primeiros 3 meses do ano (de +0,7% no período entre abril e dezembro de 2017 para +0,4%, em termos de taxa de variação em cadeia para o PIB em volume). Nos EUA, a nossa atenção estará na divulgação (dia 23) das minutas da reunião do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA que decorreu nos dias 1 e 2 de maio, podendo ser relevantes para mostrar o debate em torno de alguns temas como, por exemplo, as preocupações sobre o flattening da curva dos Treasuries.
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