Movimentos confusos nas bolsas europeias neste momento, que são difíceis de analisar.
Começando pelo que ocorreu ontem: os investidores aguardavam a calma, até que surgiu a notícia de que o novo ministro das finanças grego não trouxe documentação para a cimeira do Eurogrupo, limitando-se a realizar uma exposição oral, na qual pediu um terceiro programa de resgate ao Fundo Europeu de Estabilidade (MEDE). Esta notícia foi mal interpretada elo mercado, entendendo que isto representa uma falta de ambição e vontade do governo grego para acelerar as negociações, provocando uma forte queda na sessão de ontem.
Com as praças europeias fechadas, e Wall Street a cair em força (com os sectores relacionados com as matérias-primas a registar claras quedas), os futuros sobre os índices europeus começaram a escalar em força, já que as declarações que se conhecem apontam que a Europa não se nega a considerar um Terceiro Resgate, e que se convocam novas cimeiras do Eurogrupo e dos chefes de Estado e do Governo de toda a União Europeia para este fim de semana. Os CFDs sobre o DAX alemão da IG chegaram a apresentar subidas de 250 pontos ‘fora de horas’, celebrando esta pequena vitória.
Basicamente, concede-se à Grécia a oportunidade de oferecer contrapartidas sérias e ambiciosas para que o Fundo de Resgate providencie um novo empréstimo de longo prazo (2 – 3 anos). O qual pressupõem um avanço de uma terceira parte do total do caminho a percorrer. Estão ainda por averiguar outras questões: a possibilidade ou não de uma restruturação da dívida grega e as condições, sob a forma de medidas e reformas, para executar o terceiro programa de assistência, que pode rondar os €50.000 milhões.
Neste momento, Tsipras encontra-se a falar no parlamento europeu, e por agora comenta que fará uma proposta concreta de medidas genuínas no prazo de dois ou três dias. Hoje está convocada outra conferência do Eurogrupo, com o intuito de estudar a viabilidade do Terceiro resgate e das contrapartidas que a Grécia deveria oferecer. Esperava-se que o ministro grego apresentasse detalhes de medidas e reformas mas, escutando a Tsipras, não se sabe se hoje se apresentarão esses documentos. O BCE já alertou que segunda-feira pode retirar o ELA à banca grega, caso não haja acordo este domingo.
Desta forma, parece que estamos prestes a fechar este capítulo heleno. Sábado: cimeira do Eurogrupo a nível técnico. Domingo, cimeira de governantes a nível político. Se não se consegue chegar a um acordo sobre as condições de um terceiro resgate à Grécia, segunda-feira, a saída do país do euro começará a ser cotada.
Wall Street animou-se e fechou positivo, longe dos mínimos da sessão, com avanços de 0,6% para o S&P 500.
Contudo, essa forte subida dos índices europeus ‘fora de horas’ no fim do dia de ontem, foi evaporou-se na abertura, fruto do segundo foco de preocupação que temos neste momento: a China.
A bolsa de Shangai está a recuar, fechando com quedas de 5,9%, que também arrastou o Nikkei que perde 3,14%.
Apesar de as quedas nos índices chineses (mais de 30% no último mês) obedecerem a uma série de razões principalmente relacionadas com temas regulatórios, a queda dos títulos está ser interpretada como um indicador económico, alertando para o desacelerar da economia chinesa. Contudo, os dados macroeconómicos chineses não apresentavam uma grande variação face a meses anteriores, quando as bolsas registavam um rally superior a 100% desde finais do ano passado.
As quedas chinesas estão a afetar muito Wall Street (especialmente, através de matérias–primas e os sectores relacionados), e neste momento os futuros americanos caiem em força.
Quanto à agenda do dia, para além da cimeira do Eurogrupo, serão conhecidas as reservas semanais de crude nos EUA às 15.30. Às 19.00 serão publicadas as atas da última reunião da FED, que podem ser bastante importantes. Naquela reunião, a FED assumiu que se produzirá uma ou duas subidas de taxas de juro este ano, sendo que as atas podem precisar um pouco mais.
Hoje começa também a temporada de resultados empresariais do segundo trimestre nos EUA, com a Alcoa a inaugurar a temporada. Esta temporada de resultados será previsivelmente melhor do que a do trimestre anterior, dado que o dólar deixou de apreciar com tanta força, e a economia americana apresentou melhores dados. Nas divisas, temos uma subida no EUR/USD acima dos 1,10, após ontem ter tido uma sessão baixista.
Nas matérias-primas, o petróleo mostra-se estável nas últimas horas, após as quedas anteriores.
Índices europeus em SINAL POSITIVO
PSI: +1,24%
IBEX: +0,72%
DAX: +0,45%
CAC: +0,75%
FTSE: +0,28%
MIB: +1,03%
EUROSTOXX: +0,86%
EUR/USD: +0,33% (1,1045)
Ouro: -0,24% (1.154 $)