Na hora de investir em ações, existem três Rs que são importantes considerar. É muito importante analisar estas métricas quando estamos a avaliar uma empresa, para perceber se ela realmente é lucrativa ou não.
Estes três Rs medem a eficiência com que uma empresa aloca o capital. E quais são os três Rs? São o ROE, ROIC, e o ROA.
ROE
Retorno sobre o capital próprio.
Para obtermos o valor em percentagem de ROE, dividimos o resultado líquido da empresa num dado período pelo seu capital próprio. O Capital próprio é o dinheiro que os acionistas colocam na empresa mais os lucros retidos por essa empresa.
Considera-se normalmente que um valor de ROE superior a 15% é ótimo. Warren Buffett procurou sempre empresas com ROE superiores a 15% e foi bem-sucedido ao longo de várias décadas. Tentou sempre investir em empresas que obtêm elevadas rentabilidades e evitar ao máximo empresas que não lhe ofereçam esta garantia. A longo prazo, um elevado ROE é ótimo.
ROIC
Retorno sobre o capital investido.
Obtém-se dividindo o resultado líquido de uma empresa num dado ano pelo capital que esta investiu nas suas operações. Dentro deste capital investido considera-se o capital próprio (como vimos, o dinheiro dos acionistas mais os lucros retidos pela empresa) e soma-se a dívida de longo e curto prazo.
Um ROIC superior a 20% é considerado excelente. Se uma empresa obtém 20% de retorno sobre o capital investido, isto significa que por cada euro que lá colocarmos a empresa vai gerar-nos 0.2€. Excelente!
Charlie Munger, parceiro de Warren Buffett na Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa) e também um dos maiores investidores de todos os tempos, afirma que investir em empresas com ROIC elevado é meio caminho andado para o sucesso. Isto quer se pague um preço elevado pelas suas ações ou não. A longo prazo, uma empresa que consegue investir um certo capital e obter elevados retornos sobre esse capital, vai ser muito mais lucrativa que as suas concorrentes. Vai manter a liderança. E nós queremos investir nos líderes a longo prazo, e não nos perdedores…
ROA
Retorno sobre os ativos.
Obtém-se dividindo os resultados líquidos da empresa pelos seus ativos. Considera-se que valores de ROA superior a 10% é bom. Isto quer dizer que a empresa gera um elevado retorno com menos ativos ou que é capaz de gerar elevados retornos sem a necessidade de muitos ativos.
Agora um pequeno alerta: atualmente há muitas empresas que detêm um número considerável de ativos intangíveis (patentes, valor da marca, direitos de utilização, etc.). É mais difícil medir o valor destes ativos.
Por esse motivo, O ROA é sobretudo usado para medir o retorno sobre os ativos tangíveis. Nestes ativos tangíveis contabilizam-se as fábricas, equipamentos, veículos, etc.
Faz mais sentido considerar o ROA em setores que usem mais ativos tangíveis (por exemplo industriais ou banca), do que em setores que usem mais ativos intangíveis (por exemplo tecnologias de informação).
Mas atenção…
Estas três métricas (ROE, ROIC, ROA) NÃO devem ser comparadas entre empresas de indústrias diferentes.
Há certos setores que exigem um investimento elevado de capital. Por exemplo, a indústria automóvel precisa de mais fábricas e equipamento, o que aumenta consideravelmente o capital necessário para investir. Pelo contrário, empresas tecnológicas que operem online, não necessitam de investir tanto em fábricas, equipamentos, etc. Normalmente precisam de menores quantias de capital para investir nas suas operações e por isso parece que geram retornos superiores a empresas de outros setores.
Por isso, é importante comparar estes três Rs entre duas empresas do mesmo setor.
Quando se está a analisar uma empresa tecnológica, devemos comparar com outra tecnológica. Quando estamos a analisar uma empresa de automóveis, devemos comparar com outra do mesmo setor. Só assim é que podemos assegurar que a empresa A ou a empresa B estão a obter retornos mais elevados que a sua concorrência.
Quanto mais altos forem os valores destas métricas, melhor para nós. A longo prazo, a rentabilidade do nosso investimento deverá acompanhar a rentabilidade destas empresas.
Mas também é importante analisar a média histórica destas métricas para cada empresa.
Pode haver um dado ano em que o ROE, por exemplo, seja de 50%, quando a média histórica dos últimos 10 anos era de cerca de 20%. Provavelmente houve algum fator excecional a contribuir para aumentar esse valor nesse ano e é preciso verificar o que foi. O mesmo pode acontecer em sentido contrário: uma empresa ter uma média histórica de 20% e de repente começar a baixar os valores para 15% ou 10%, o que denota perda de rentabilidade e é preciso investigar os motivos que levaram a esse desempenho mais fraco. O que interessa, é analisar médias históricas, pois oferece maior confiança no valor de rentabilidades que estás a analisar.
Analisar estes três Rs na hora de investir é meio caminho andado para uma boa análise de investimento. Eles ajudar-nos a obter retornos superiores sobre o investimento, precisamente o que queríamos.
Saudações lucrativas,
Frederico Santarém