Os bancos norte-americanos estão de boa saúde!
Esta realidade é transversal aos 4 grandes bancos americanos: Bank of America (NYSE:BAC), JP Morgan (NYSE:JPM), Citigroup (NYSE:C) e Wells Fargo (NYSE:WFC).
Os indicadores têm melhorado em todas as frentes e os bancos estão hoje bem melhor capitalizados do que estavam na última crise.
Vamos aos pontos que me levam a afirmar que hoje os bancos americanos estão melhor do que nunca.
1. Reservas de Capital
Quando analisamos os relatórios trimestrais dos 4 grandes bancos norte-americanos verificamos que começaram a libertar enormes quantias de capital nos últimos meses.As reservas de capital que tinham vindo a acumular ao longo de 2020 para cobrir potenciais perdas com empréstimos não foram necessárias. A Reserva Federal e o Governo dos EUA agiram nesta crise com uma rapidez que não tinham agido na Grande Recessão. O nível de liquidez injetado na economia foi sem precedentes e os estímulos vieram de todas as frentes.Isto permitiu que houvesse menos perdas com créditos, mas ainda assim os bancos americanos agiram de forma conservadora e alocaram milhares de milhões de dólares para potenciais perdas com créditos.Perdas que não se materializaram e agora estão a libertá-las, o que permitirá usar esse dinheiro para melhores fins.
2. Retorno sobre o Capital Próprio (ROE)
Os níveis de lucratividade dos bancos também melhoraram substancialmente. Os quatro bancos apresentam níveis de retorno sobre o capital próprio (do inglês Return on Equity - ROE) elevados. O JPMorgan (NYSE:JPM) é o melhor posicionado, com ROE de 23% para o primeiro trimestre de 2021 (lembrar que no 1ºT de 2020 o ROE do banco estava apenas nos 4%).Mesmo o Wells Fargo, que é o que apresenta piores resultados, apresentou um ROE de 10.6% para o 1ºT de 2021, consideravelmente acima dos valores apresentados um ano antes.
3. Depósitos bancários a aumentar
Mesmo com as taxas de juro em mínimos históricos, os níveis de depósitos bancários não param de aumentar.Só a JPMorgan atingiu um recorde de 2.2 triliões de dólares em depósitos no trimestre, uma subida de 36% face ao mesmo período do ano passado.
4. CET1
O CET1 - Common Equity Tier 1, é uma medida do capital do banco, que considera as ações ordinárias, lucros retidos, e ações emitidas. É uma medida que compara os capitais dos bancos face aos seus ativos. Foi introduzida em 2014 para proteger a economia de futuras crises financeiras.O valor mínimo expectável é de 4.5%, e aqui os quatro grandes bancos americanos têm mostrado enorme resiliência: Citigroup: 11.7%; Bank of America: 11.8%; JPMorgan: 13.1%; Wells Fargo: 11.8%.Sem dúvida, os bancos americanos estão melhor capitalizados hoje do que estavam na última crise financeira (2007-2009).
5. Retornos com a Banca de Investimento
Os quatro bancos mostraram desempenhos extraordinários na Banca de Investimento. Tanto na negociação de ações como de produtos de renda fixa, os crescimentos face ao ano anterior são na ordem dos dois dígitos.Dos quatro, o Wells Fargo é o que sai menos beneficiado neste ponto, pois tem o seu segmento de mercados não é tão forte quanto o dos restantes bancos, estando ainda muito ligado às taxas de juro diretoras.
Como dá para verificar, os 4 principais bancos dos EUA estão hoje melhor do que na última crise financeira.Os rácios melhoraram, a lucratividade melhorou, e acima de tudo parecem estar a operar de forma mais conservadora. A banca americana ultrapassou a crise de 2020 muito melhor do que na Grande Recessão.Talvez o mesmo não se possa dizer da banca de outras geografias, como o próprio Warren Buffett fez notar na Conferência Anual de 2020. Mas a americana continua a mostrar interessantes oportunidades de investimento, para quem se quiser expor ao setor financeiro e tiver a oportunidade de estudar mais a fundo as operações (e os relatório financeiros) dos quatro bancos referidos no artigo.