A correção prolongada dos preços de ouro, observada nos diversos mercados, vem lançando dúvidas sobre a recuperação das cotações no curto prazo. Paralelo a isso, diversos especialistas dos mercados de commodities, entre eles Jeff Currie, do Goldman Sachs, aconselham os investidores a fechar suas posições diante de queda mais acentudada no preço do metal. Todavia, grandes players do mercado mundial de metais preciosos parecem não concordar com esta posição. Segundo a “Commodity Futures Trading Commission”, apesar do longo declínio de preço experimentado atualmente pelos metais preciosos, grandes fundos de hedge que trabalham com ouro e prata deram início à abertur de posições longas em meados de março deste ano.
Em apoio fático à esta afirmação, os relatório COT (Commitments of Traders) demonstraram que agências de gerenciamento de capital, no período entre 15 de março e 05 de abril de 2016, aumentaram suas posições longas com futuros negociados na bolsa COMEX no montante de 16.122 contratos. De acordo com o relatório, atualmente há 190.400 posições abertas com contratos de grandes especuladores.
O abrandamento da política monetária, manobra macroeconômica posta em vigor por bancos centrais de diversos países, bem como o enfraquecimento das expectativas de arrochamento posterior da política cambial dos Estados Unidos, criam um cenário propício ao aumento da procura de “ativos de fuga”. O crescimento do preço dos metais preciosos é em grande parte devido a influências das taxas de juros negativas, as quais causam a fuga dos investidores daqueles ativos de renda passiva e que não proporcionam proteção contra a inflação.
É importante ressaltar que há um possível fator limitante do crescimento das cotações de euro, todavia improvável: o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, decisão sobre a qual será tomada na reunião do Fed no dia 27 de abril. A retórica "hawkish" a favor do arrocho da política monetária] de alguns membros do FOMC foram substituídos por argumentos "dovish" [a favor do relaxamento da política monetária]. O resultado deste câmbio de posição foi a queda do índice do dólar a um mínimo que não se alcançava há 8 meses.
A incerteza nos mercados é um dos principais fatores de apoio ao crescimento do preço do ouro. Ameaças de guerra ou o risco de uma recessão global são os cenários mais confortáveis para os "bulls de ouro”. Ou seja, quanto mais medo os investidores tiverem, melhor para o ouro. De fato, o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Maurice Obstfeld, afirmou que a situação atual do mercado mundial é de "confusão". As guerras cambiais, as instabilidade geopolítica e um acentuado declínio do comércio internacional gerou aumento da volatilidade nos mercados financeiros e cambiais. Hoje, a busca por ativos de segurança está na ordem do dia.
Assumindo que os especuladores continuarão a aumentar suas posições longas, esperaramos uma possível atualização do máximo preço alcançado em março, quando atingiu 1.282,90 USD por onça troy ainda no mês de abril.