O brent crude caiu esta semana 3%, negando-se a participar no rally das bolsas estimulado por um possível acordo grego.
Só no mês de julho, o Brent cedeu 10% e o Western Texas do EUA 11,5%. Atualmente, a matéria-prima encontra-se oficialmente num mercado baixista, posto que caiu 20% desde os máximos observados no começo de Maio e, os investidores não estão convencidos do potencial do petróleo no imediato.
Ao analisarmos o fornecimento desta matéria-prima, a produção da OPEP (o cartel petrolífero), este cresceu para máximos de 3 anos, superando em junho a sua quota alvo, de 30 milhões de barris diários, em 1,5 milhões de barris adicionais. O membro de maior peso no cartel, a Arábia Saudita, anunciou esta manhã a sua produção máxima histórica, de 10,6 milhões de barris diários.
A abundante produção por parte da OPEP coincide com um possível acordo nuclear iminente com o Irão, e o retomar da contribuição do país à oferta global, apesar de que o auge do fornecimento não se limita ao Golfo Pérsico ou ao Médio Oriente. Nas últimas duas semanas a empresa de serviços petrolífera Baker Hughes avisou que o número de plataformas petrolíferas ativas nos EUA aumentou, após 6 meses.
A dinâmica da OPEP, que aumenta o ritmo para apertar produtores não convencionais, especialmente os EUA, choca com a resistência da produção norte-americana, gerando uma superabudância no mercado. Entretanto, a crise na Grécia e o crescimento mais anémico na China, sentido através de uma volatilidade extrema nos mercados deste país, fazem questionar a saúde do crescimento económico global, reduzindo a procura do crude no curto e médio prazo. A Agência Internacional de Energia (IEA) estima que o diferencial na procura global (93,1m de b/d) e o fornecimento global (96.4 m b/d) é de 3.25 milhões de barris diários.
Os fundos de investimento e grandes instituições tomaram nota. Na semana passada, os dados da Commodities and Futures Trading Commission, agencia independente que regula o mercado de futuros sobre petróleo nos EUA, evidenciaram a redução da exposição altista ao mercado, através de futuros e opções, em 20%, o maior corte semanal em mais de dois anos e meio.
Comenta-se que quanto mais tempo predominarem os preços baixos, mais prováveis serão a regularização do fornecimento e a rápida recuperação do preço. As evidências atuais parecem indicar um desequilíbrio do mercado gerado, durante anos, por preços mais altos que estimulavam uma oferta abundante de crude, a qual demorará tempo em sanear-se.