A última semana revelou-se favorável à dívida portuguesa em termos absolutos e relativos, com reduções de spreads nos 10 anos face à Alemanha, Itália e Espanha. A evolução favorável do Bund alemão e o ambiente de procura de yield têm caracterizado o período de redução na atividade do mercado primário durante o verão. Adicionalmente, as expectativas do mercado relativamente a ajustes na política monetária do Banco Central Europeu e da Reserva Federal dos EUA continuaram a moderar, reflexo do enfraquecimento na inflação nos EUA e de condições financeiras mais restritivas na área do euro em virtude da valorização da moeda.
Esta evolução teve naturalmente consequências em termos de valuation, como é visível pelo facto de, por exemplo, os futuros da fed funds rate incorporarem pouco mais de uma subida de 25 pontos de base até ao final de 2018. É verdade que novos períodos de maior tensão entre os EUA e a Coreia do Norte não podem ser excluídos, mas a nossa preferência em termos de hedge recaí atualmente sobre o ouro. Por outro lado, a continuação do enfraquecimento dos mercados de ações poderia representar, no curto prazo, um fator de suporte para a dívida de governos nos EUA e na área do euro.
Para a próxima semana (24/26 ago.), teremos a conferência de Jackson Hole do Fed de Kansas City. O próximo evento de risco relevante será, provavelmente, a reunião do Banco Central Europeu de 6/7 de setembro, com a atenção concentrada em (1) novas (graduais) alterações na linguagem do Banco, e (2) indicações sobre possíveis reduções no ritmo mensal de compras do programa QE a serem implementadas em 2018.
Em Portugal, a nossa atenção estará hoje na leitura de julho dos indicadores coincidentes do Banco de Portugal, após a surpresa negativa que representou a leitura preliminar do INE para o PIB do 2º trimestre de 2017. De relembrar que o mês de setembro irá contar com os possíveis comentários por parte de Moody's (1 set.) e Standard & Poor's (15 set.) sobre a dívida portuguesa.
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