O processo de formação de um novo governo em Itália voltou ao centro das atenções na última semana na periferia, justificando uma subida de yields em Itália, mas também em Portugal e Espanha. O ambiente de procura de carry, o contexto económico favorável, o prémio de risco já incorporado e o programa APP do Banco Central Europeu permanecem todos fatores que poderão limitar a reação em Itália perante o atual ambiente político. Mesmo assim, com o atual spread nos 10 anos entre Itália e Alemanha ainda ligeiramente abaixo da média observada desde o início do programa PSPP do Banco Central Europeu, é provável a manutenção de uma pressão negativa ao longo da curva de Itália, principalmente tendo em conta a incerteza associada a um possível governo entre Lega e 5 Stelle. Entretanto, o Tesouro do país regressa hoje aos mercados para a venda de um montante até 6,75 mil milhões de euros em obrigações com maturidades 2021, 2025 e 2033. O efeito contágio a Portugal e Espanha é ainda visto como sendo limitado, principalmente, num enquadramento económico que permanece favorável para ambos os países.
O dia de ontem voltou a relembrar os entraves às expectativas de yields mais elevadas. As pressões inflacionistas permanecem modestas/moderadas, mesmo em economias mais avançadas nos seus ciclos económicos (como resulta da leitura de abril do índice de preços no consumo para os EUA), possibilitando uma normalização gradual da política monetária. O abrandamento no ritmo de crescimento observado nos primeiros 3 meses de 2018 justifica uma postura cautelosa, como foi ontem observado após o final da reunião de política monetária de maio do Banco de Inglaterra.
Na área do euro, e mesmo tendo em conta os riscos que continuamos a ver de yields mais elevadas nos 10 anos dos EUA, a evolução na Alemanha poderá continuar a mostrar-se mais contida, refletindo a postura cautelosa do Banco Central Europeu e o ambiente de fracas pressões inflacionistas. Tivemos nos últimos dias alguns membros do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu a sinalizar que as expectativas do mercado (final do período de compras líquidas do programa APP em dezembro e primeira subida de taxas 6 a 9 meses depois) parecem razoáveis, tendo em conta o forward guidance do Banco. Tendo em conta o comportamento da cotação do petróleo, o seu impacto na inflação nos próximos meses deverá captar a atenção dos investidores. Contudo, mais uma vez, a evolução da inflação depois de excluir alimentação e energia deverá voltar a mostrar contextos diferentes em termos de preços entre EUA e área do euro.
O calendário económico da próxima semana, não sendo particularmente preenchido, apresenta alguns pontos de interesse. Nos EUA, vendas a retalho (dia 15) e produção industrial (dia 16) para abril poderão dar uma primeira ideia sobre a evolução da economia no 2º trimestre de 2018. Na área do euro, teremos a segunda leitura para o PIB do 1º trimestre de 2018 (dia 15), incluindo os valores preliminares para Alemanha e Portugal, assim como a leitura final do índice harmonizado de preços no consumo referente a abril na região (dia 16).
Para mais detalhes ver, por favor, o PDF em anexo.