Após a yield a 10 anos dos EUA ter ultrapassado o nível de 3%, foi observado um movimento de retração nas yields nos EUA e na Alemanha. Para o movimento parece ter contribuído não só o posicionamento observado nos Treasuries, como também a postura cautelosa mais uma vez visível por parte dos bancos centrais (Banco Central Europeu, Banco do Japão e Reserva Federal dos EUA) e a fraca leitura preliminar de abril para a inflação na área do euro.
Voltamos também a ver um flattening na curva dos EUA, sendo que continuou a aumentar a diferença em termos do spread 2-10 anos entre Alemanha e EUA, tendo sido atingido o valor mais elevado desde junho de 2005. Com (1) o Banco Central Europeu a manter ancorada a parte mais curta da curva, tendo em conta a fraca evolução da inflação (e, mais recentemente, os sinais de abrandamento observados no ritmo de expansão da economia da área do euro durante o 1º trimestre de 2018), e não sendo esperada maior visibilidade sobre o futuro do programa APP (ou alterações no forward guidance) antes da reunião do junho (ou mesmo julho) e (2) o Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA a manter um ritmo gradual de subida de taxas, não é fácil ver o que poderá, para já, impedir a continuação desta tendência.
Na periferia da área do euro, os spreads face à Alemanha nos 10 anos permanecem contidos, suportados pelo enquadramento económico (apesar da moderação observada no ritmo de crescimento na área do euro como um todo) e pela postura cautelosa do Banco Central Europeu. O mesmo sucede em Itália, não obstante o fluxo de notícias na última semana ter relembrado a dificuldade em ser encontrada uma solução de governo para o país e evitar a realização de novas eleições. Este comportamento parece não só suportar a ideia em como a dívida soberana de Itália incorpora já um prémio de risco político, como poderá ser justificada pela possibilidade de as negociações conduzidas pelo Presidente da República poderem (ainda) resultar num governo de unidade nacional.
O destaque do calendário económico da próxima semana será a divulgação da leitura de abril para o índice de preços no consumo nos EUA (dia 10). Excluindo alimentação e energia, o consenso espera uma taxa de variação homóloga de 2,2%, o que, a confirmar-se, representaria o valor mais elevado desde o início de 2017. O benefício que advém de efeitos de base favoráveis é já bem conhecido pelo mercado. Desta forma, será provavelmente mais importante observar a taxa de variação mensal (+0,236% para a média mensal do 1º trimestre de 2018), de modo a avaliar o ambiente em termos de pressões inflacionistas. A taxa breakeven a 10 anos permanece próxima dos seus máximos do ano. Tendo em conta a fase mais avançada no ciclo por parte da economia dos EUA e o facto de o Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos EUA continuar a considerar que as expectativas de inflação encontram-se baixas (o que suporta a manutenção de uma subida gradual na fed funds rate), permanece a expectativa quanto a subidas adicionais ao longo dos próximos meses.
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