LISBOA, 30 Jan (Reuters) - O índice accionista PSI20 .PSI20 fechou a recuar 2,79 pct, com destaque para o tombo de 14 pct dos CTT e com os direitos de subscrição do BCP a afundarem 21 pct no último dia de negociação, face a uma Europa assustada com as recentes restrições impostas pela Administração Trump, enquanto os juros soberanos voltaram a agravar, segundo traders.
* "Hoje tudo correu mal. Os CTT com o profit warning, as yields portuguesas a subir e o contexto exterior negativo", explicou Albino Rodrigues, analista da Patris Investimentos.
* As acções dos CTT afundaram 13,99 pct para o mínimo histórico de 5,171 euros, após o corte inesperado do 'guidance' com uma maior quebra estrutural do negócio de correio, competição no expresso e o difícil 'roll out' do BancoCTT até à rentabilidade.
* O operador postal prevê agora uma queda de cerca de 4,2 pct do tráfego de correio endereçado contra a descida de cerca de 3 pct previstos antes, assim como um decréscimo do EBITDA recorrente de 4 a 7 pct no ano passado, excluindo o Banco CTT. Este 'profit warning' desencadeou um vaga de cortes de preço-alvo e recomendações dos analistas. As acções do Millennium bcp BCP.LS caíram 4,63 pct para 0,1462 euros e os direitos de subscrição ao aumento de capital afundaram 20,98 pct para 0,58 euros.
"Esta queda significa que as pesoas que não querem ir ao aumento capital deixaram para o último dia a venda de direitos. Se não vendessem hoje, amanhã já não teriam qualquer valor", frisou aquele analista.
* Pressão adicional da Sonae YSO.LS que recuou 4,62 pct, da Sonae Capital SONAC.LS a cair 3,09 pct. Entre os pesos-pesados, a Galp (LS:GALP) desceu 2,23 pct, a EDP (SA:ENBR3) 1,6 pct, a EDP Renovaveis EDPR.LS 1,07 pct e a Jeronimo Martins (LS:JMT) JMT.L 0,95 pct.
* O BPI BBPI.LS e o Montepio MPIO.LS fecharam estáveis em 1,132 euros e 0,411 euros, respectivamente, e a Pharol PHRA.LS foi a única a fechar em alta, a subir 1,59 pct.
* As bolsas europeias encerraram com quedas de até 3,53 pct em Atenas e o índice pan-europeu STOXX 600 .STOXX caiu 1,05 pct, com aprofundar do proteccionismo Trump a fazer crescer a incerteza política e a assustar os investidores.
* Na sexta-feira, Trump ordenou uma proibição de 120 dias da entrada de refugiados no país, uma proibição sem termo definido da entrada de refugiados da Síria e uma proibição de 90 dias dos cidadãos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen.
Estas acções criaram confusão e raiva após imigrantes e refugiados terem sido impedidos de entrar em voos e ficado retidos em aeroportos. Causaram uma onda de críticas internacionais, de grupos de activistas de direitos civis e desafios legais.
* Nos EUA, o Dow Jones .DJI e o S&P 500 .SPX caem 0,8 pct e o Nasdaq .IXIC recua 1 pct, com os investidores a tornarem-se defensivos devido à incerteza provocada pelas ordens do presidente Donald Trump de restringir as viagens e a imigração de certos países.
"Uma nova semana de negociação começa com um aspecto amargo, já que as notícias macro principais, a acção do Fed, a revolta internacional e doméstica contra a posição de Trump face à imigração estão a colocar os investidores numa posição de defesa", escreveu Peter Cardillo, economista principal de mercados na First Standard Financial, numa nota.
* No mercado secundário de dívida, a 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos sobe 10 pontos base para o máximo num ano, nos 4,25 pct, após a inflação na Alemanha ter subido para o valor mais elevado em três anos e meio no mês de Janeiro, fomentando receios de uma retirada dos estímulos monetários pelo BCE. (Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)