VIENA, 5 Dez (Reuters) - O candidato que poderia ser o primeiro chefe de Estado da extrema direita livremente eleito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial reconheceu a derrota nas eleições presidenciais da Áustria logo após as sondagens terem encerrado no domingo.
O resultado é um golpe para os populistas que esperavam que uma onda de raiva contra a ordem vigente em democracias ocidentais levaria Norbert Hofer ao poder após o referendo pelo Brexit no Reino Unido e a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Hofer, do Partido Liberdade -- que é contra a imigração e contra o Islão --, admitiu ter sido vencido pelo ex-líder dos Verdes Alexander Van der Bellen.
"Estou infinitamente triste por não ter funcionado", disse Hofer em um post na sua página do Facebook, menos de uma hora depois das sondagens terem terminado e as primeiras projeções terem sido transmitidas.
Tradicionalmente, o presidente da Áustria tem um papel bastante cerimonial. Mas a eleição, refeita após a disputa de maio ter sido derrubada por irregularidades na contagem, estava a ser encarada como um outro teste ao sentimento populista na Europa antes das eleições na França, Alemanha e Holanda no próximo ano.
Os eleitores podem ter atendido às advertências cada vez mais estridentes de Van der Bellen de que Hofer queria seguir os britânicos e tirar a Áustria da União Europeia.
Van der Bellen tinha uma vantagem clara sobre Hofer, de acordo com uma projeção da SORA para a emissora ORF, que incluiu uma contagem de 69 por cento dos votos. A projeção deu a Van der Bellen 53,3 por cento e a Hofer 46,7 por cento, com uma margem de erro de 1 ponto percentual.
"Se essa projeção realmente for verdadeira, então podemos ficar satisfeitos, é um bom dia para a Áustria", disse à ORF o chefe de campanha de Van der Bellen, Lothar Lockl, minutos depois de as pesquisas terem sido encerradas. (Por Francois Murphy e Michael Shields; Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)