Por Sergio Goncalves
LISBOA, 19 Dez (Reuters) - Portugal reembolsou antecipadamente mais uma parcela do caro empréstimo que pediu ao FMI no resgate de 2011, equivalente 1.000 milhões de euros (ME), tirando partido de taxas mínimas recorde em leilões para fazer esta amortização, anunciaram as Finanças.
O empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) tem uma taxa 'all in' de 4,2 pct, ou seja um custo muito mais elevado do que os 2,7 pct cobrados pelo EFSM e do que os 1,9 pct cobrados pelo EFSF, sendo também mais do dobro da 'yield' a 10 anos à qual Portugal se tem financiado.
"Portugal pagou antecipadamente mais uma parcela do empréstimo ao FMI, que vencia entre março e maio de 2021, no montante de 1.001 milhões de euros (ME) e, com esta operação, ficaram concluídos os reembolsos antecipados ao FMI em 2017", disse o Ministério das Finanças em comunicado.
"Foram pagos durante o corrente ano 10.013 ME. Aproximadamente 80 pct do empréstimo total do FMI, no montante de 26.300 ME, foi já liquidado", acrescentou.
Na sexta-feira passada, a Fitch elevou o 'rating' de Portugal acima de grau especulativo, para BBB, de BB+, com perspectiva estável, vendo o início da redução do rácio de dívida pública em 2017 como sustentado, o que suporta a capacidade do país se financiar a taxas competitivas.
Após o 'upgrade' da Standard&Poor's em Setembro, Portugal passa, assim, a ter 'grau de investimento' atribuído por duas das 'big three', o que permitirá à dívida nacional integrar alguns dos maiores índices de 'bonds' europeus e aumentar a 'pool' de investidores.
Tendo negociado brevemente abaixo da 'yield' das obrigações italianas na sexta-feira, as taxas portuguesas negociaram claramente abaixo das suas pares italianas na segunda-feira. yield das obrigações a 10 anos de Portugal desceu quase 5 pontos base para 1,79 por cento , enquanto a taxa dos 'bonds' a 10 anos de Itália está estabilizada nos 1,81 por cento .
A última vez que os rendimentos portugueses negociaram abaixo dos seus pares italianos por um período sustentado foi no início de 2010.
"O plano de amortizações antecipadas do FMI continuará a ser implementado no próximo ano, como previsto no programa de financiamento da República, mantendo-se ainda assim uma prudente almofada financeira", frisou o Ministério das Finanças. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)