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Por Sergio Goncalves
LISBOA, 30 Out (Reuters) - O lucro líquido da EDP-Energias de Portugal subiu 55% para 460 milhões de euros (ME) nos 9 meses de 2019, estimulado pela forte performance das renováveis e do Brasil, que compensaram os efeitos da seca e pressão regulatória na Ibéria.
As operações convencionais em Portugal tiveram um prejuízo de 33 ME, "penalizadas pela manutenção de um contexto regulatório e fiscal adverso, a que se adicionou em 2019 um volume de produção de energia hídrica anormalmente reduzido" devido à seca.
O maior grupo industrial de Portugal, que controla a EDP (SA:ENBR3) Renováveis EDPR.LS e a EDP-Energias do Brasil, disse que a margem bruta consolidada teve uma queda homóloga de 1% para 3.810 ME entre Janeiro e Setembro de 2019.
A EDP, cujos accionistas em Abril ditaram o fim de um 'bid' de 9.000 ME lançado pela China Three Gorges (CTG), adiantou que o EBITDA-Earnings before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization cresceu 10% para 2.661 ME.
O crescimento de 7% do resultado líquido recorrente para 585 ME "reflecte a subida de 10% do EBITDA, mas também um aumento dos custos financeiros em termos homólogos e um aumento do peso do Dólar Americano e do Real Brasileiro na dívida consolidada".
A EDP Renováveis anunciou esta manhã que o seu lucro quase triplicou para 342 ME nos 9 meses, tendo as receitas aumentado 10% e o EBITDA subido 40%. O lucro da EDP Brasil subiu 12% para 839 milhões de reais, após o EBITDA aumentar 6,2%.
Explicou que "a capacidade média instalada eólica aumentou 3% para 11,0 GW, e a estratégia de rotação de activos, materializada neste período com a venda de um conjunto de parques eólicos na Europa (representando 0,5 GW líquidos), gerou um ganho de 200 ME".
Por outro lado, "a produção hídrica na Península Ibérica baixou 47% face a 2018, impactada, nos primeiros nove meses de 2019, por recursos hídricos 39% abaixo da média histórica em Portugal, o que teve um impacto negativo no EBITDA em cerca de 250 ME".
Em Setembro de 2019, a dívida líquida situava-se nos 13,8 mil ME, 2% acima de Dezembro de 2018 e 5% abaixo do valor há um ano. O cash flow recorrente orgânico cresceu 1% para 1,0 mil ME, "suportado pela actividade global de renováveis".
Afirmou que "a estratégia de rotação de activos definida no plano de negócios 2019-2022, possibilitou que o aumento do investimento bruto no desenvolvimento de novos activos renováveis e redes reguladas, fosse compensado pela venda de activos renováveis em operação - encaixe de 800 ME em Julho de 2019 da venda de 0,5 GW de activos eólicos na Europa".
Em 24 de Abril, a Assembleia Geral da EDP 'chumbou' a remoção do limite de 25 pct aos direitos de voto, forçando o fim da OPA da CTG, que foi acelerado pelo investidor activista Elliott, detentor de 2,9 por cento da EDP.
Em Março, fontes tinham dito à Reuters que a EDP poderia propor uma 'joint-venture' com a CTG, permitindo à chinesa expandir a sua presença no Brasil e na América Latina se aquele 'bid' falhasse.
Entretanto, em Maio, a francesa Engie ENGIE.PA e a EDP anunciaram uma 'joint-venture' a 50-50 pct, que prevê investir 15.000 ME para se tornar o segundo maior operador mundial de energia eólica offshore a seguir à dinamarquesa Orsted.
O Estado chinês é o maior accionista da EDP com 28 pct do capital, através dos 23 pct detidos pela China Three Gorges (CTG) e dos cinco pct da CNIC. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)