(Texto atualizado com mais informações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 24 Mar (Reuters) - O dólar subia acentuadamente contra o real nesta quarta-feira, impulsionado por temores em relação ao avanço da pandemia no Brasil e a incertezas políticas domésticas.
Às 14:22, o dólar BRBY avançava 1,07%, a 5,5759 reais na venda, perto da máxima do dia, de 5,5776 reais (+1,10%) e longe da mínima de 5,491 reais (-0,47%).
Vários analistas citavam o avanço da Covid-19 como um ponto de atenção, depois que o Brasil superou pela primeira vez desde o início da pandemia a marca sombria de 3 mil óbitos diários pela doença: foram 3.251 mortes em 24 horas, o que elevou o total para 298.676. terça-feira, dia em que o Brasil registrou o novo recorde de fatalidades, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo federal fará de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros contra a doença, em um pronunciamento em rede nacional marcado por protestos contra ele. que olhar daqui para frente como vai ser a vacinação no país", disse à Reuters Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, acrescentando que a alta dos casos de Covid-19, além de ter forte impacto sanitário, acaba atrapalhando a volta da economia. "A vacina tem que ser foco primordial do governo."
Nesta quarta-feira, depois de mais de duas horas de reunião entre os chefes dos Poderes, ministros e governadores, Bolsonaro anunciou a criação de mais um comitê, com a responsabilidade de definir as ações do combate à epidemia de Covid-19, em coordenação com os governadores. mesmo tempo, os desdobramentos na seara política entravam em foco depois que a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na terça-feira, por 3 votos a 2, pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá. O resultado se deu após a mudança de voto da ministra Cármen Lúcia.
"O impacto dessa decisão será profundo. É questão de tempo para os demais acusados e condenados (pela Lava Jato) pedirem a anulação de suas sentenças e prepararem seu retorno ao cenário político, o que vai embaralhar de vez as cartas da sucessão presidencial", disse a Levante Investimentos em nota, ressaltando que, antes desses desdobramentos, "as eleições agendadas para 2022 pareciam já estar definidas."
Mais cedo nesta quarta-feira, o dólar spot havia registrado queda contra o real, chegando a tocar 5,4910 reais na mínima do pregão. Thomás Gibertoni atribuiu esse comportamento inicial à decisão da semana passada do Banco Central de elevar a taxa Selic a 2,75% e sinalizar aumento de juros de proporção semelhante em sua próxima reunião de política monetária.
De acordo com a ata da última reunião da autarquia, divulgada na terça-feira, a decisão levou em conta os riscos fiscais de curto prazo em meio ao recrudescimento da pandemia no país e preocupações com a desancoragem das expectativas para a inflação. real vem respondendo bem à nova alta de juros", disse Gibertoni. "O Banco Central vem mostrando preocupação com a inflação, e ela reflete também uma preocupação com a forte desvalorização" da moeda brasileira, completou.
"A vontade do BC de aumentar os juros até fez com que o real se destacasse entre outras moedas emergentes nos últimos dias", apontou ele, embora tenha alertado que, no acumulado desde o ano passado, o real segue bem atrasado em relação a seus pares.
No ano de 2020, a divisa brasileira registrou um dos piores desempenhos contra o dólar numa cesta de mais de 30 pares da moeda norte-americana.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de rivais =USD operava em alta de cerca de 0,1% nesta quarta-feira. Peso mexicano MXN= , lira turca TRY= e rand sul-africano ZAR= , pares do real, subiam contra a moeda norte-americana.
Na véspera, foi o real que teve desempenho melhor que seus rivais mais próximos, já que o dólar fechou perto da estabilidade, a 5,5168 reais, enquanto teve um rali no exterior. (Edição de Camila Moreira e José de Castro)