LISBOA, 25 Set (Reuters) - Portugal teve um défice público de 6.147 milhões de euros (ME) até Agosto, representando um agravamento de 6,5 mil ME face ao período homólogo, devido ao impacto da pandemia do coronavírus na economia, anunciou o Ministério das Finanças.
Adiantou que as receitas totais caíram 6,6%, tendo as receitas de impostos recuado 7,8%, "com a generalidade dos impostos a evidenciar quebras que resultam da contração da atividade económica, destacando-se a diminuição de 11,2% no IVA, ainda que nos últimos dois meses esta quebra tenha vindo a ser menos acentuada".
A despesa cresceu 4,9%, com a despesa primária a subir 6,4%, "influenciada pela significativa evolução da despesa da Segurança Social, dos quais cerca de 1.299 ME associados à Covid-19, bem como a despesa com pensões e outras prestações sociais, excluindo medidas específicas COVID-19".
O Ministério das Finanças realça um aumento de 20,5% nas prestações de desemprego, de 17% no subsídio por doença, de 25,1% na prestação social para a inclusão dirigida a pessoas com deficiência e 13,2% no abono de família.
Sublinhou que para fazer face à pandemia, a despesa do Serviço Nacional de Saúde cresceu a um ritmo muito elevado de 6,1%, destacando-se o aumento extraordinário do investimento de 165,7% e das despesas com pessoal de 5,1%.
"A execução evidencia os efeitos da pandemia da Covid-19 na economia e nos serviços públicos, refletindo igualmente o impacto da adoção de medidas de política de mitigação", disse o Ministério das Finanças em comunicado.
"Destaca-se a redução da receita fiscal e contributiva em resultado da diminuição da atividade económica, decorrente do período mais intenso de recolhimento e de utilização do lay-off", acrescentou.
Estes números são em contabilidade pública ou seja numa óptica de fluxos de entradas e saídas de caixa, enquanto os dados que valem para Bruxelas são em contabilidade nacional, que é uma óptica de compromissos de receita e despesa assumidas.
O Instituto Nacional de Estatística anunciou esta semana que défice de Portugal disparou para 10,5% do Produto Interno Bruto no segundo trimestre de 2020 contra um défice de 2,2% há um ano atrás, penalizado por menos receitas devido à recessão económica com a pandemia do coronavírus e mais despesa para apoiar as famílias e empresas. pandemia terá levado a economia portuguesa, em 2020, a contrair entre os 6,9% previstos pelo Governo e os 9,5% estimados pelo Banco de Portugal, face a crescimento de 2,2% no ano passado.
O Governo de Portugal espera um défice igual a 7% do PIB este ano, o que representa um doloroso revés depois do país ter tido o seu primeiro excedente orçamental em 45 anos no final de 2019.
Portugal ultrapassou os 72 mil casos confirmados de COVID-19 e 1.936 mortes. (Gráfico: https://tmsnrt.rs/3cty5DF) (Por Patrícia Vicente Rua, Editado por Catarina Demony)