(Acrescenta citações CEO interino, background)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 17 Jul (Reuters) - O grupo EDP (SA:ENBR3) EDP.LS está a mostrar resiliência à pandemia do coronavírus e mantém a meta de um lucro líquido recorrente entre 850 milhões e 900 milhões de euros (ME) em 2020 contra 854 ME em 2019, disse o CEO interino, que vê mais crescimento.
"Obviamente vamos ser impactados (pelo COVID-19), mas mantemos o nosso guidance entre 850 e 900 ME de 'recurring net income' em 2020 e a verdade é que isto mostra a resiliência do negócio da EDP", disse o recém nomeado CEO interino da EDP em entrevista à Reuters.
Adiantou que "obviamente teremos alguns impactos negativos no Brasil associados à desvalorização do real e à redução da procura quer em Portugal, Espanha e Brasil".
"Mas também temos alguns pontos positivos que mais que mitigam estes efeitos: o hedging management para 2020, que nos assegurou que mantemos e reforçamos resultados nessa área; temos um programa de asset rotation muito forte com a venda de dois portfolios, na Europa e EUA, que também estão a correr muito bem; e temos redução taxas de juros", explicou.
Afirmou que "isto dá-nos conforto para manter a política de dividendos (payout 75%-85%) com um floor de 0,19%, que é um compromisso firme para este ano e para os próximos".
Reiterou que cortará a dívida líquida para 3,2 vezes o EBITDA em 2020 contra 3,4 vezes no primeiro trimestre, apesar da recente aquisição da espanhola Viesgo.
Na quarta feira, a EDP acordou comprar a Viesgo a fundos liderados pela Macquarie, num 'deal' avaliado em 2 mil milhões de euros (ME), com a 'utility' portuguesa a investir em 'equity' 900 ME e a consolidar 1,1 mil ME da dívida da espanhola. 'deal', que mais que dobrará a presença da EDP na distribuição de eletricidade em Espanha, será financiado com um 'rights issue' superior a mil ME, equivalente a 8,45% do capital da EDP.
"Esta operação (compra Viesgo) é claramente accretive em Earnings per Share (EPS)", disse Stilwell sem divulgar números.
"Uma das razões pelas quais estamos a fazer este 'rights issue' é que, para além de mantermos os targets de deleverage, permite-nos manter todo o potencial de crescimento nas renováveis, nas redes no Brasil, etc...", referiu.
Disse que esta operação demorou "vários meses a preparar e a EDP tentou comprar a Viesgo 4 ou 5 vezes nos últimos 20 anos porque são redes que estão contíguas ou sobrepostas e, do ponto de vista físico, operacional tem imenso potencial".
"Desta vez os astros ficaram alinhados e foi possível fazer esta aquisição dos activos muito interessantes e com uma parceria com a Macquarie", acrescentou o CEO interino.
Na segunda-feira passada, o Ministério Público português constitui a EDP, como suspeita formal numa investigação de corrupção que causou a suspensão de seu CEO na semana passada. desenvolvimento ocorreu uma semana depois de um juiz ter ordenado que o Chief Excutive Officer (CEO) António Mexia fosse suspenso por acusações má conduta desde 2007. EDP e António Mexia sempre negaram qualquer irregularidade.
As acções da EDP estão a subir 1,52% na Euronext Lisbon, enquanto o PSI20 ganha apenas 0,12%. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Andrei Khalip)