(Acrescenta informação, citações do CEO Miguel Maya)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 28 Jul (Reuters) - O maior banco privado português Millennium bcp BCP.LS anunciou uma queda de 55,3% no lucro líquido do primeiro semestre, para 76 milhões de euros, com um forte aumento das provisões para se precaver contra o aumento do malparado devido à recessão provocada pela pandemia do coronavírus.
Portugal está a entrar na pior recessão num século, prevendo o Banco de Portugal que a economia contraia 9,5% em 2020, muito mais do que a contração de 6,5% prevista pelo governo.
"Os resultados do primeiro semestre foram muito influenciados por todo este contexto do Covid com um reforço relevante de imparidades, no montante de 108,8 ME, reflectindo já a evolução desfavorável da economia em consequência da pandemia", disse o CEO Miguel Maya em conferencia de imprensa.
As provisões e imparidades aumentaram 44,5% para 351,4 ME nos seis meses deste ano, disse o banco em comunicado.
O banco disse que já aprovou mais de 26 mil moratórias de crédito às empresas e mais de 97 mil às famílias no âmbito das medidas governamentais de apoio à economia face à pandemia de Covid-19.
"Estamos intrinsecamente ligados ao desempenho da economia e, por isso, continuamos a defender que as moratórias deviam ser prolongadas por mais algum tempo...para não sacrificar as empresas que até são viaveis", disse o CEO.
Apesar do aumento das provisões e imparidades ter afectado a sua rentabilidade, a margem financeira teve um aumento homólogo de 2,7% para 759,1 ME no primeiro semestre de 2020.
"Estamos com rácios de capital acima dos requisitos .. E niveis muito elevados de liquidez. Estamos com resiliência, com capacidade de enfrentar contextos mais adversos que temos pela frente", diss Miguel Maya.
O rácio de capital common equity Tier1 fully implemented fixou em 12,1%, acima dos requisitos regulamentares de 8,83% e o banco tem activos disponíveis para financiamento junto do Banco Central Europeu 21,5 mil ME.
Acerca das especulações cíclicas sobre o Millennium bcp poder entrar numa futura operação de M&A com o Novo Banco, que é detido em 75% pela americana Lone Star, Miguel Maya disse que "não está nos nosso planos crescer por aquisições".
"Esse tema do Novo Banco aparece ciclicamente... mas não temos interesse nenhum em crescer em Portugal - e neste momento também no estrangeiro - por aquisições. Se já não tinhamos antes, menos temos agora no actual contexto (da pandemia)", disse o CEO.
"O nosso objectivo não é ganhar dimensão pela dimensão...a prudência, a defesa do balanço do banco é a nossa prioridade".
Contudo, referiu que, se aparecer uma eventual venda de algum banco, seja o Novo Banco ou outro, o Millennium bcp terá sempre de a analisar.
O Millennium bcp, para além de Portugal, tem também operações core na Polónia, Angola e Moçambique.
O Bank Millennium na Polónia, que é metade do Millennium bcp, anunciou na semana passada que o seu lucro no primeiro semestre caiu 79% para 72 milhões de zlotys ou 16,2 milhões de euros.
A maior accionista do Millennium bcp é a holding Fosun, com sede em Hong Kong, seguida pela petrolífera estatal angolana Sonangol. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)