LISBOA, 14 Out (Reuters) - Serão adoptadas medidas mais duras em Portugal a partir de quinta-feira para conter níveis recorde de novos casos de coronavírus, incluindo limites mais rigorosos de ajuntamentos e sanções mais pesadas para os estabelecimentos que quebram as regras.
"Sei que muitas pessoas estão cansadas das restrições", disse o Primeiro-Ministro António Costa numa conferência de imprensa na quarta-feira.
"Também sei que muitas pessoas, particularmente os jovens, têm uma falsa percepção de que os riscos da COVID-19 são menores para eles. Mas esta percepção é uma ilusão. A COVID-19 traz consigo um risco para si, mas traz também um enorme risco de transmissão para outros", disse ele.
A partir de quinta-feira, os ajuntamentos serão limitados a cinco pessoas. Casamentos e baptizados poderão ter um máximo de 50, mas as festas universitárias serão proibidas.
As multas para empresas que não cumpram as regras serão duplicadas de um limite máximo de 5.000 para 10.000 euros.
Costa apresentará também uma proposta ao parlamento para tornar obrigatória a utilização de máscaras faciais em espaços exteriores em que estejam presentes muitas pessoas e a utilização da aplicação governamental StayAway Covid de rastreio obrigatóri para algumas forças de trabalho.
O governo não tem medo de impôr mais restrições se a propagação do surto de coronavírus não abrandar, disse Costa.
"Não vamos proibir marido e mulher de se beijarem", disse Costa em tom de brincadeira. "O nosso dever é protegermo-nos a nós próprios, mas o dever indiscutível é proteger os outros".
Portugal, uma nação de pouco mais de 10 milhões de pessoas, ganhou inicialmente elogios pela sua resposta rápida à pandemia, registando um número comparativamente baixo de 90.000 casos confirmados de coronavírus e 2.110 mortes.
Mas o país registou mais de 1.000 novos casos num único dia, pela primeira vez desde Abril da semana passada e atingiu um recorde de 1.646 casos no sábado, em linha com o aumento de casos em toda a Europa após uma pausa de Verão.
A pandemia vai deixar cicatrizes duradouras na economia portuguesa, com o governo a prever que o produto interno bruto se contraia 8,5% este ano.
Texto integral em inglês: (Por Catarina Demony, Sergio Goncalves e Victoria Waldersee; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)