O valor do Deposit Contract na Ethereum 2.0 ultrapassou, no dia 12 de Janeiro, os 30 mil milhões de dólares. Este valor deriva dos cerca de 9 milhões de Ether que se encontram ao abrigo deste smart contract da Beacon Chain, uma rede proof-of-stake paralela à mainnet da Ethereum.
A Beacon Chain é mantida ativa pela core team da Ethereum desde 1 de Dezembro de 2020, paralelamente à mainnet onde são hospedadas atualmente todas as Aplicações Descentralizadas (dApps), projetos de finanças descentralizadas (DeFi), e NFT’s da rede. O propósito da Beacon Chain é funcionar como rede de teste para a versão 2.0 da Ethereum, cujo mecanismo de consenso passará de proof-of-work para proof-of-stake.
Esta transição está prevista para Junho de 2022, altura em que as duas versões da rede se irão fundir (Merge), naquela que é já chamada de Ethereum 2.0. Contudo, a comunidade não avançou nenhuma data oficial.
O depósito de 9 milhões de Ether foram atingidos com a contribuição de mais de 280 mil validadores e para se tornar um validador é necessário depositar um mínimo de 32 Ether (aproximadamente 100 mil euros à data). Este Ether permanecerá bloqueado no contrato de depósito até ao Merge. No entanto, os validadores estão a ser recompensados pelo depósito a uma taxa de quase 5% ao ano.
Porque é que isto interessa?
Atualmente a rede da Ethereum é assegurada pelo mecanismo de consenso Proof-of-work que implica a mineração através de grande poder computacional e consequentemente um grande consumo de energia.
Após o Merge com a Ethereum 1.0, a Ethereum 2.0 será diferente sobretudo pela alteração do mecanismo de consenso de proof-of-work para proof-of-stake. Num mecanismo Proof-of-stake serão os stakeholders (detentores de ETH) e não os mineradores, que aplicam os seus tokens ajudando a assegurar a descentralização, segurança e transparência da rede (sendo recompensados em novos tokens por isso).
Para além de reduzir o consumo de energia, com a Ethereum 2.0, espera-se incrementar a descentralização, reduzir as taxas de transação, bem como aumentar a escalabilidade do projeto.
Uma das propostas para tornar a Ethereum mais escalável passa pelo “Sharding“, uma solução de “segunda camada” que divide a base de dados da blockchain em shards, aliviando a pressão de transações na blockchain principal.
O Merge está previsto para Junho de 2022, contudo o desenvolvimento da Ethereum tem decorrido continuamente nesse sentido. Em Agosto de 2021 o hard fork London introduziu o EIP-1559 (Ethereum Improvement Proposal), uma proposta que procurou baixar as taxas de utilização da rede, que na altura ascendiam às centenas de dólares, sobretudo na utilização das DeFi, limitando a acessibilidade a este tipo de produtos.
O EIP-1559 reduziu as taxas de transação a uma taxa base que é “queimada” (burn) em vez de ser retribuída aos mineradores que são já remunerados pela verificação dos blocos. Este burn de Ether causará um efeito deflacionário superior ao halving da Bitcoin, conhecido como triple halving.
Em Dezembro de 2021 a Difficulty Bomb, que diminui a recompensa dos mineradores, foi adiada para Junho de 2022. Este processo irá desencentivar os mineradores, priveligiando os validadores através do staking.
A transição para proof-of-stake é um processo que está previsto no whitpaper da Ethereum desde a sua criação, tornando o Merge num dos marcos mais significativos no seu roadmap.