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Ethereum Classic (ETC): o que é?

Publicado 17.02.2021, 15:40
Ethereum Classic (ETC): o que é?
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A Ethereum Classic (ETC) partilha com a Ethereum (ETH) parte da sua história e conceito, desde o lançamento do Whitepaper em 2013, até ao hard fork em 2016, ano em que a comunidade se dividiu, dando origem a uma nova blockcahin que tomou para si o nome de Ethereum. À rede que manteve a continuidade da blockchain anterior foi dado o nome de Ethereum Classic.

Mas, sabe realmente porque a comunidade da Ethereum se dividiu?

E o que diferencia a Ethereum da Ethereum Classic?

Criação da Ethereum Classic

O projeto da blockchain da Etherum foi inicialmente exposto num white paper lançado em 2013, elaborado por Vitalik Buterin, um jovem prodígio na altura com 19 anos.

A história do seu desenvolvimento foi já abordada neste artigo. Contudo, em suma a proposta deste projeto passava por

“[desenvolver] uma plataforma open source descentralizada assente em tecnologia Blockchain, que permitisse a execução dos chamados smartcontracts“.

 

Rafael Monteiro in Jornal da Moeda, “Ethereum: o que é o como funciona”.

Este novo conceito apresentava duas vantagens essenciais:

  • Uma plataforma sobre a qual poderiam ser lançadas novas aplicações descentralizadas, sem a necessidade de criar uma nova blockchain de raíz.
  • A possibilidade de criar smart contracts que se executam de forma automática assim que as condições para tal são cumpridas, dispensando a intervenção de intermediários.

Estas características permitiram que nos anos seguintes fossem lançados inúmeros projetos baseados em criptomoedas, em particular as DApps – aplicações descentralizadas – sobre a plataforma da Ethereum.

Umas das primeiras e mais relevantes DApps foi a DAO – Decentralized Autonomous Organization. Portanto, uma DAO consistia em um fundo de capital de risco sem uma autoridade central cuja governança era decidida através dos votos dos stake holders. Ou seja, os participantes que tinham investido o seu capital, em tokens da Ethereum, nesse mesmo fundo, recebiam em troca tokens de participação na DAO. Assim, consistia num smart contract complexo que automatizava todo este processo registando na Blockchain da Ethereum o valor investido por cada carteira e respetivo valor a entregar em DAO tokens.

Como ocorreu o hack da DAO?

A DAO foi lançada a 30 de Abril de 2016, dois anos após a testnet da Ethereum, e duas semanas depois tinha já arrecadado mais de 100 milhões de dólares em Ether, a criptomoeda da rede Ethereum à data. Contudo, e por se tratar de um projeto em código aberto, vários foram os agentes que se preocuparam em auditar pessoalmente o código do conjunto de smart contracts que compunham a DAO e, desde cedo, foram descobertas e comunicadas uma série de vulnerabilidades. Assim, uma das vulnerabilidades no código da DAO foi o que se chama de ataque de Recursive Call.

Uma recursive call é, de forma simples, uma chamada com recursividade, que repete uma determinada função do código de um smart contract por um número determinado de vezes.

Mesmo assim, as falhas de segurança nos smart contracts da DAO não foram retificados atempadamente. Portanto, isto permitiu que um agente malicioso explorasse uma dessas falhas executando uma série de levantamentos de Ether para o endereço da sua carteira. Contudo, o levantamento de fundos da DAO implicava um periodo de 28 dias em que estes ficavam “cangelados”. Assim, foi neste espaço de tempo que a comunidade da Ethereum começou a fraturar-se. As opiniões dividiam-se em dois pólos. A conclusão? Um hard fork da rede Ethereum.

Como ocorreu o hard fork da Ethereum?

O polémico ataque à DAO veio dividir a comunidade da Ethereum em dois pólos diferentes. Portanto, uns procuravam uma solução para recuperar os fundos perdidos. Enquanto outros, defendiam que o ataque serviria de aprendizagem para o futuro, sob a máxima da descentralização.

Por um lado, existiam aqueles que reconheciam que tinha ocorrido um erro na programação dos smart contracts da DAO e que defendiam a reversão da blockchain ao estado anterior ao ataque, recuperando os fundos perdidos para o atacante.

por outro lado, aqueles que acreditavam nos fundamentos libertários e absolutamente descentralizados da rede Ethereum e da filosofia da Bitcoin. Sob a máxima de code is law (o código de programação é a lei) decidiram manter o ataque à DAO e as respetivas transações.

Foi essa polarização ideológica da comunidade que levou ao hard fork da Blockchain da Ethereum em duas blockchain diferentes. E, consequentemente, em duas comunidades diferentes com as suas próprias ideologias. Aqueles que defendiam a reversão das transações maliciosas deram origem ao Ethereum atual. Os últimos, que optaram por assumir que existiam erros nos smart contracts, que por sua vez eram escritos por humanos, mas aprendendo com os erros, mantiveram-se fiéis aos seus princípios, originando a Ethereum Classic. Assim sendo, o atacante manteve o Ether resultante do ataque em Ether Classic (ETC) perdendo os “lucros” na nova rede da Ethereum (ETH).Isto não significa que a Ethereum Classic tenha ficado na sombra da Ethereum. Muitos desenvolvedores continuam a trabalhar na primeira e mesmo investidores continuam interessados no projeto.

A influência do hack à DAO na valorização da Etereum e criação da Ethereum Classic. Fonte: SOX

ETC vs. ETH: quais as diferenças?

Dado que ambos os projetos são tecnológicamente muito semelhantes pois surgem de uma única blockchain é difícil encontrar diferenças entre eles. No entanto três traços destacam-se: o financiamento de investidores, a taxa de inflação, e o mecanismo de consenso.

Em relação ao financiamento, o novo fork da Ethereum (ETH) manteve o apoio de instituições como JP Morgan, o Citibank da Citigroup (NYSE:C), FedEx (NYSE:FDX) ou Intel (NASDAQ:INTC), ao passo que a Ethereum Classic manteve-se mais independente.Técnicamente também se foram afirmando algumas diferenças. Em primeiro lugar, o mecanismo de consenso, que inicialmente era PoW (proof-of-work) mas com planos para transitar para PoS (proof-of-stake). Como tal, a Ethereum iniciou em Dezembro de 2020 o processo de transição para PoS. Contudo, já os desenvolvedores fiéis à Ethereum Classic optaram por manter o mecanismo de PoW.

Uma última diferença diz respeito à taxa de inflação, ou, por outras palavras, ao número de tokens que são cunhadas por ano. Assim, no caso da Ethereum não existe um limite máximo para o número de tokens que poderão existir. Contudo, o número cunhado por ano mantém-se mais ou menos estável, o que leva a que, em termos percentuais, a percentagem de novas tokens de ETH vá diminuindo em relação ao número total em circulação. Já no caso da Ethereum Classic (ETC) o número máximo de tokens está nas 210 000 000, sendo a recompensa por bloco reduzida em 20% a cada ano.

Como investir na Ethereum Classic?

Já aqui no Jornal da Moeda falamos de como investir em criptomoedas. Contudo, é de ter em atenção o perfil de risco e a estratégia de cada investidor. Nas finanças e investimentos não existem fórmulas mágicas, e no final a estratégia e a disciplina acabam por ser o fator diferenciador.

Assim é importante estar informado quanto à price action para tomar uma decisão mais informada.

INVESTIR EM CRIPTOMOEDAS

Histórico de preço: 2016 a 2018

A listagem da token ETC ocorreu por volta de 25 de Julho de 2016 com o seu valor a fechar nessa semana a 1,485 euros. Contudo, ao longo desse ano o valor foi corrigindo até ao mínimo de 0,60 euros, terminando o ano a 1,31 euros. Estamos portanto a falar de uma volatilidade que superou os 50% tanto na descida como na descida.

Grafico de velas semanal da ETC/EUR (2016-2018)

Foi contudo, no ano de 2017, o mais recent ano de bull market que, à semelhança de outras criptomoedas, o valor do ETC ascendeu vertiginosamente. Na primeira metade do desse ano ocorreu uma valorização de cerca de 20,29 euros, 2269% de aumento em 6 meses. Contudo seguiu-se uma correção num espaço de 2 meses encontrando o fundo a 11 de setembro nos 7,04 euros. Ainda assim, seguiu-se um novo periodo de valorização exponencial de 466% em relação ao fundo mais recente, atingindo os 39,68 euros e definindo uma nova resistência nesse valor.

O ETC de 2018 até 2021

Com a entrada de um bear market como foi o de 2018 para a generalidade do mercado das criptomoedas, a ETC registou uma correção de 90%, dos 39,68 para 2,90 euros. Mas apesar da descida, que em parte se pode considerar saudável depois do crescimento exponencial. Ainda assim, esta correção foi importante para definir um suporte muito importante que não foi mais quebrado no valor psicológico dos 3,00€.

Grafico de velas semanal da ETC/EUR (2018-2021)

Após 2018, o ano seguinte demonstrou-se desafiante para os investidores, em que atingiu um máximo anual de 8,84, mais de 100% de valorização em relação ao supporte mais recente, que voltou a testar no final desse anos. Mas é no final de 2019 que ETC concede mais uma oportunidade registando uma subida até aos 12,17 euros, posição na qual definiu uma nova resistência, já em 2020. Assim, neste mesmo ano voltou a corrigir, consolidando entre os 7 e os 4 euros como resistência e suporte respetivamene. Nestes dois primeiros meses a ETC tem demonstrado alguem potencial de valorização, registando 9,66 euros por token à data deste artigo.

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