(Acrescenta citações ministro das Finanças)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 7 Mar (Reuters) - Portugal quer regras orçamentais aplicadas de forma inteligente e iguais para todos os países europeus, não acreditando numa Europa a duas velocidades, disse o ministro das Finanças, Mário Centeno.
Numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo francês, Mário Centeno acrescentou que "o compromisso português vai muito para lá do domínio financeiro", reiterando que o país quer que se complete a União Económica e Monetária.
"Não acreditamos numa Europa a duas velocidades (...) em Portugal queremos que as regras sejam aplicadas de forma inteligente e de igual forma para todos", afirmou o ministro das Finanças.
"Portugal cumpre a sua parte (na frente orçamental) graças ao esforço dos portugueses. Portugal está em condições de sair procedimento de défices excessivos em 2016 (com os números do défice de 2016)", adiantou.
A 15 de Fevereiro, o Governo reviu em baixa a previsão do défice público português em 2016 para um valor não superior a 2,1 pct do Produto Interno Bruto (PIB), o mais baixo em 42 anos, face à anterior estimativa de igual ou inferior a 2,3 pct, que já estava duas décimas abaixo do exigido por Bruxelas.
Em 2015, o défice português situou-se em 4,4 pct do PIB, penalizado pelo resgate do banco Banif. Para 2017, o Governo prevê que o défice público caia para 1,6 pct do PIB.
EUROPA FORTE
Quanto a eventuais medidas de protecionismo da Administração Trump, Mário Centeno considera que a Europa está bem preparada para enfrentá-las.
"(Quanto ao protecionismo) eu tenho a opinião que a Europa parte para esses desafios numa posição de enorme vantagem orçamental e de excedente comercial, que é muito forte e dá a Europa - se ela a souber usar (...)- uma posição de grande vantagem", afirmou o ministro das Finanças.
"A incerteza não é boa para os agentes económicos. E aquilo que a política pode fazer é a remoção dessa incerteza (...) Os desafios são permanentes, mas a posição europeia é forte", disse, realçando que "o mercado interno europeu é muito vasto" e deve ser tido em conta nessa análise.
FIRME
A melhor resposta à saída do Reino Unido da União Europeia e às incertezas em relação aos EUA é a Europa manter uma posição firme, disse o Ministro da Economia e Finanças francês, Michel Sapin.
"A melhor resposta ao Brexit e à incerteza (dos EUA) é termos do lado europeu uma posição firme", disse Sapin, nesta conferência de imprensa com o ministro das Finanças português, lembrando que "ontem houve uma cimeira dos quatro países economicamente mais importantes".
Adiantou que os países que pretendem ter um andamento mais depressa, devem fazê-lo.
"Não se trata de uma Europa a duas velocidades. Não se trata de excluir os países que queiram fazer parte desta dianteira europeia. Portugal fará parte destes países", frisou.
NÃO ESPERA 'TWEET'
O ministro francês espera que a nova Administração Trump estabilize as suas posições, frisando: "o mundo tem de ser aberto e os nossos países não arranjarão uma solução se se fecharem sobre si proprios".
"Não vamos esperar pelo próximo tweet (do presidente Donald Trump) porque uma posição não se define através de uma sucessão de tweets, é mais sério do que isso", afirmou o ministro.
"Vamos esperar que a Administração americana estabilize a sua posição, que exprima claramente quais sao as suas decisões e orientações", acrescentou.
(Editado por Patrícia Vicente Rua)