LISBOA, 17 Nov (Reuters) - A balança corrente de Portugal teve um superávit de 664 milhões de euros (ME) entre Janeiro e Setembro de 2016, um tombo de 67 face ao do período homólogo, penalizado pelos rendimentos primários e secundários, que contrariaram a subida da balança de bens e serviços, disse o Banco de Portugal.
A balança corrente resulta da soma da balança comercial, com o investimento externo e transferências líquidas. Um valor negativo, ou seja, um défice, mostra que o país é devedor líquido face ao exterior.
Portugal registou excedentes da balança corrente desde 2013. Antes, o país tinha registado duas décadas de défices desta balança.
O saldo conjunto da balança corrente e de capital foi positivo em 1.358 ME, entre Janeiro e Setembro deste ano, contra 2.147 ME nos primeiros oito meses de 2015.
"Esta redução verificou-se apesar de o excedente da balança de bens e serviços ter aumentado 759 ME em relação ao mesmo período de 2015, para 3.606 milhões de euros", disse o banco central, em comunicado.
Para esta evolução da balança de bens e serviços contribuiu a redução das importações em 1 pct (variações de -1,4 pct nos bens e 0,9 por cento nos serviços) e o aumento de 0,4 por cento das exportações (-0,6 pct nos bens e 2,3 pct serviços).
"Na balança de serviços destaca-se a rubrica 'Viagens e turismo', que apresentou um saldo de 6.839 milhões de euros(6.153 milhões de euros em igual período de 2015)," explicou.
A economia de Portugal disparou inesperadamente 0,8 pct em cadeia no terceiro trimestre de 2016, com um forte aumento das exportações líquidas, tornando mais fácil ao Governo cumprir a meta orçamental este ano e abrindo melhores perspectivas para o crescimento em 2017, segundo analistas.
O Instituto Nacional de Estatística divulgou na terça-feira que, em termos homólogos, o PIB cresceu 1,6 pct entre Julho e Setembro de 2016, muito acima da taxa de crescimento de 0,9 pct que tinha registado entre Abril e Junho deste ano. Banco de Portugal adiantou que as balanças de rendimento primário e secundário e a balança de capital contribuíram para a redução do saldo conjunto das balanças corrente e de capital em 2016.
O défice da balança de rendimento primário totalizou 3.947 ME, aumentando cerca de 823 ME em relação ao período homólogo.
"Esta evolução resulta, sobretudo, do aumento dos rendimentos atribuídos a não residentes. A redução dos fundos provenientes da União Europeia explica, em grande medida, a diminuição do excedente da balança de capital", concluiu.
O Governo estima que a economia expanda 1,2 pct em 2016, depois de crescer 1,6 pct em 2015. (Por Shrikesh Laxmidas; editado por Sérgio Gonçalves)