LISBOA, 19 Dez (Reuters) - O ministro das finanças, Mário Centeno, desvalorizou a recente onda de greves na função pública em Portugal, dado que é normal os trabalhadores tornarem-se mais exigentes quando o crescimento é transversal a toda a economia.
O Jornal de Negócios revelou hoje que se registaram 173 greves só em 2018, face às 87 de 2015, ano em que António Costa se tornou primeiro ministro.
Mas, numa comissão do Parlamento, o ministro lembrou que "o país vive um processo de crescimento dos seus rendimentos, do emprego, niveis recorde de descida do desemprego, de aumento da actividade económica transversal".
"Estes momentos, em todas as sociedades, são os momentos em que as pessoas se tornam mais exigentes. É absolutamente normal", afirmou Mário Centeno, também presidente do Eurogrupo.
Contudo, Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, que suporta o Governo minoritário socialista, alertou que o aumento de despesa no sector público "não chega para tapar o buraco da anterior Administração".
Nos últimos meses, Portugal tem assistido a um crescente número de greves de classes profissionais como as dos enfermeiros, professores, guardas prisionais, juízes, oficiais de justiça.
No entanto, Centeno defendeu a aposta do Governo nos funcionários públicos, salientando o aumento do salário mínimo de 580 para 635 euros e a redução das horas trabalhadas para 35 horas semanais, de 40 anteriores.
Centeno disse que "a despesa com pessoal das administrações públicas aumentará 1.950 milhões de euros (ME) ao longo da legislatura".
"Nos 13 anos anteriores esta despesa aumentou apenas 170 ME. São mais 11 vezes em apenas quatro anos do que nos 13 anos anteriores", concluiu.
(Por Catarina Demony e Gonçalo Almeida Editado por Sérgio Gonçalves)