* Executivo Europeu alerta banca é risco para Portugal
* Finanças diz previsões confirmam sustentabilidade crescimento
* CE vê crescimento Reino Unido cair para metade com Brexit (Actualiza com comentários Finanças, mais detalhes)
Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 13 Fev (Reuters) - A Comissão Europeia (CE) prevê que a economia de Portugal acelere três décimas para uma expansão de 1,6 pct este ano e que o défice recue para 2 pct PIB, ajudado pela devolução da garantia de Estado ao BPP-Banco Privado Português e por uma recuperação económica moderada, ancorada no turismo.
"A forte performance económica na segunda metade de 2016, particularmente do turismo, melhorou o 'outlook' da economia portuguesa", disse a CE, no seu relatório de Inverno.
"O fraco investimento pesou negativamente no crescimento, mas está prestes a recuperar".
O Ministério das Finanças, em reacção, disse que a melhoria das previsões económicas para Portugal confirma a sustentabilidade do padrão de crescimento da economia, com a manutenção de um excedente externo, garantindo que o país sairá do Procedimento de Défices Excessivos em 2017.
Em comunicado, o Ministério afirmou que "ao longo do horizonte de projeção, o défice ficará claramente abaixo dos 3 pct e o rácio da dívida pública entrará numa trajetória descendente".
"A correção durável e sustentável do défice, garante as condições para a saída de Portugal, já este ano, do Procedimento por Défices Excessivos", acrescentou.
BANCA É RISCO
Nas suas previsões de Inverno, a CE referiu que os riscos para Portugal são descendentes. "Problemas por resolver no sector bancário poderão prejudicar a recuperação esperada do investimento".
O executivo europeu disse que os indicadores sugerem que o consumo privado em Portugal deverá permanecer robusto.
A forte temporada de turismo apoiou o mercado laboral com uma melhoria da criação de postos de trabalho e salários.
A CE projecta uma queda do desemprego para 10 pct em 2017 e 9,4 pct em 2018. O rácio de dívida é estimado ter crescido para 130,5 pct do PIB-Produto Interno Bruto em 2016, de 129 pct em 2015, com mais emissões de dívida e a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Em 2017 e 2018, é visto recuar para, respectivamente, 128,9 e 127,1 pct.
SALDO VAI MELHORAR
O Governo sublinhou que a Comissão reviu a previsão de ajustamento estrutural em 2016, de -0,1 pct para 0 pct. "Com o apuramento final das contas públicas de 2016 tornar-se-á ainda mais evidente a melhoria do saldo estrutural", destacou o Ministério das Finanças.
Adiantou que a CE "confirma a sustentabilidade do padrão de crescimento da economia com a manutenção de um excedente externo ao longo do horizonte de projeção", reconhecendo os "sólidos sinais de aceleração do investimento privado no final de 2016 e início de 2017, assente no aumento da confiança e na melhoria das condições de crédito".
"O apoio ao investimento e a estabilização do sector financeiro são prioridades absolutas do Governo".
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a aliviar seis pontos base para 4,08 pct, contagiada positivamente pelo apetite por risco dos investidores, estimulado pelo tom mais suave de Donald Trump no encontro com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. TRAVAGEM REINO UNIDO
Para a zona euro como um todo, a CE vê o crescimento 'perder gás' este ano e recuperar em 2018. Já a economia britânica verá a sua expansão cair quase para metade em 2018. L8N1FY2DS
O executivo europeu prevê que o crescimento, nos 19 países que partilham o euro, abrande para 1,6 pct este ano, de 1,7 pct em 2016, mas ganhe velocidade em 2018, quando o PIB do bloco é visto aumentar 1,8 pct.
Estas previsões de crescimento foram revistas ligeiramente em alta para este ano e 2018 face às anteriores estimativas de Novembro, quando o PIB da zona euro era visto crescer 1,5 pct este ano e 1,7 pct em 2018.
É esperado que o Reino Unido pague um preço maior pela incerteza em torno da negociação do seu divórcio da União Europeia. O seu PIB é visto cair de 2 pct em 2016 para 1,5 pct este ano e abrandar de novo para 1,2 pct em 2018. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)