* BC deixa de ressaltar que não vê espaço para corte
* Até então, DIs mostravam queda na Selic em novembro
SÃO PAULO, 1 Set (Reuters) - As taxas dos contratos de juros futuros recuavam com força nesta quinta-feira, passando a mostrar chances divididas de corte dos juros básicos no mês que vem após o Banco Central retirar de seu comunicado trecho em que dizia não ver espaço para reduções.
Até então, a curva vinha indicando apostas majoritárias em um corte apenas na reunião de novembro do Comitê de Política Monetária (Copom), a última do ano.
"Parece que o BC entende que esse pico na inflação vai ser passageiro e, dependendo de quando passar, pode abrir espaço para um corte de juros até em outubro", afirmou o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno.
Em decisão amplamente esperada, o BC manteve a Selic em 14,25 por cento na noite passada, mas fez diversas mudanças em seu comunicado em comparação com o anterior. Em particular, retirou menção à inexistência de espaço para corte de juros e argumentou que os indicadores de preços no atacado já indicam "possível arrefecimento" nos preços dos alimentos. cálculos da Reuters, a curva de DIs apontava chance de 53 por cento de corte de a Selic em 0,25 ponto percentual em outubro e probabilidade de 47 por cento de manutenção nos atuais 14,25 por cento. BCBWATCH
Segundo operadores, a decisão de reduzir ou não a Selic em outubro deve depender de se a alta dos preços de fato passar a arrefecer. Além disso, é necessário que o governo do recém-empossado presidente Michel Temer demonstre que será capaz de angariar apoio no Congresso ao ajuste fiscal, após enfrentar dificuldades para fazê-lo como presidente interino.
Economistas do UBS liderados por Guilherme Loureiro esperam que o BC inicie o ciclo de afrouxamento monetário com corte de 0,50 ponto percentual na Selic em outubro e leve a taxa a 10,50 por cento ao fim do ano que vem.
Eles esperam que a inflação de serviços modere em meio à atividade econômica ainda fraca e que o choque de preços de alimentos se dissipe ao longo dos próximos meses, citando o alívio recente na inflação no atacado. Além disso, enxergam sinais preliminares de que o governo consiga avançar com reformas no Congresso Nacional.
Essa percepção ainda não é consensual. Na véspera, preocupações com a possibilidade de um racha na base aliada após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff provocaram volatilidade nos mercados, em meio a criticas de parlamentares à manutenção de seus direitos políticos.
No cenário externo, investidores aguardam também novas pistas sobre quando o Federal Reserve voltará a elevar os juros, após declarações de autoridades do banco central norte-americano reviverem apostas em aumento no mês que vem. Em especial, buscarão novas pistas no dado de criação de vagas de trabalho fora do setor agrícola, na sexta-feira.
Veja os principais contratos de DIs às 10:19:
mês
ticker
último fechamento variação
(%)
anterior
(p.p.)
(%)
JAN7
2DIJF17
13,965
14,02
-0,055 JUL7
2DIJN17
13,235
13,34
-0,105 JAN8
2DIJF18
12,62
12,78
-0,16 JAN21
2DIJF21
11,99
12,04
-0,05 JAN23
2DIJF23
12,1
12,12
-0,02
(Por Bruno Federowski; Edição de Patrícia Duarte)