(Repete notícia divulgada ontem ao final da tarde)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 19 Ago (Reuters) - O lucro líquido da Sonae YSO.LS teve uma queda homóloga de 20,9 pct para 77 milhões de euros (ME) no primeiro semestre de 2016, penalizado pela quebra dos resultados indirectos e marcado pela pressão nas margens do retalho alimentar para reforçar a liderança, mas saiu muito acima do previsto.
Os analistas previam que o lucro da Sonae afundasse 46 pct para 52,8 ME no primeiro semestre de 2016, apesar da subida das vendas, com uma forte contracção da margem devido aos descontos da líder do retalho alimentar Sonae MC, mas aquela acabou por não ter uma erosão tão forte quanto se temia. Sonae afirmou que o resultado direto disparou 18,7 pct para 66 ME, "traduzindo o crescimento das vendas e a melhoria do resultado financeiro líquido decorrente do menor nível de dívida líquida e do menor custo médio das linhas de crédito utilizadas".
O resultado indireto fixou em 11 ME, com movimentos non-cash da reavaliação de ativos da Sonae Sierra (SA:SSBR3) e um ganho de capital da venda de 2,14 pct da NOS NOS.LS , mas, face ao primeiro semestre de 2015, a contribuição do resultado indireto foi menor em 32 ME ou 74 pct, "devido ao efeito negativo do mark-to-market da NOS e à menor contribuição da Sonae Sierra".
"Fruto desta evolução homóloga do resultado indireto, o resultado líquido atribuível a acionistas totalizou 77 ME, comparando com 97 ME no primeiro semestre de 2015", disse.
ngelo Paupério, Co-Chief Executive Officer (CEO) da Sonae, disse que, no segundo trimestre, houve "importantes avanços na concretização da estratégia definida para os diferentes negócios".
"Continuámos a crescer no retalho e nas telecomunicações, concretizámos o objetivo de aquisição de uma participação na Salsa, assim como de alvos específicos na área de tecnologia, e progredimos na estratégia de reciclagem de capital e reforço de investimento em novos centros comerciais, destacou o Co-CEO.
Destacou que "a NOS e a Sonae Sierra tiveram mais um bom trimestre bem como a Sonae MC, que assegurou o reforço da liderança no mercado, ao mesmo tempo que consolidou o seu posicionamento de operador com os preços mais baixos sem abdicar de níveis de rentabilidade de referência".
"Apesar do elevado investimento verificado no semestre, a dívida continuou a descer em termos homólogos, pelo que mantemos um adequado nível de solidez financeira que, a par da qualidade crescente das nossas equipas, nos permite encarar com otimismo os desafios que a nossa ambição estratégica nos coloca", disse.
A Sonae adiantou que o volume de negócios consolidado subiu 4,4 pct para 2.431 ME no primeiro semestre de 2016, acima dos 2.410 ME estimados em média pelos analistas, devido principalmente ao contributo positivo da retalhista alimentar Sonae MC e da Sonae SR do retalho especializado.
Explicou que o volume de negócios da Sonae MC aumentou 3,6 pct para 1.691 ME, "continuando a reforçar a quota de mercado do Continente num mercado maduro e competitivo".
"A Sonae MC manteve-se focada em reforçar a sua proposta de valor, melhorando a perceção de preços, a perceção da qualidade dos perecíveis e lançando campanhas promocionais inovadoras".
A Sonae MC continuou a implementar o programa de expansão de formatos de conveniência e proximidade, tendo aberto 7 Continente Bom Dia e 37 lojas Meu Super desde o início do ano.
No retalho especializado, o volume de negócios da Sonae SR, que integra a Worten e a Sonae Sports and Fashion, subiu 5,5 pct para 614 ME, com ambas as divisões a continuaram a registar melhorias nas vendas por metro quadrado.
A Sonae Sports and Fashion aumentou as vendas em 14,6 pct para 210 ME, "motivado pela inclusão da Losan e pelo desempenho positivo da Zippy em Portugal"; e a Sonae RP, do imobiliário de retalho, fez 3 operações de 'sale and leaseback' no valor de 230 ME, que deram um ganho de capital de cerca de 63 ME.
"Esta estratégia permitiu à Sonae RP libertar capital dos seus ativos mais maduros, mantendo, ao mesmo tempo, um nível adequado de flexibilidade operacional", disse.
O valor contabilístico líquido do capital investido pela Sonae RP em bens imobiliários totalizou 888 ME.
Nos centros comerciais da Sonae Sierra, as vendas de lojistas na Europa aumentaram 2,5 pct para 1.439 ME, correspondendo a um aumento de 3,9 pct no universo comparável de lojas. A taxa de ocupação fixou-se nos 96,1 pct, sustentada pelo forte desempenho na Europa, onde a ocupação atingiu os 97,1 pct.
O resultado direto manteve-se estável nos 27 ME, enquanto o resultado indireto totalizou 32 ME, "traduzindo os ganhos de capital realizados na venda de ativos e, especialmente, da avaliação de ativos ocorrida no final do semestre, que refletiu a compressão de yields na Ibéria".
Na Sonae IM, unidade de Gestão de Investimentos, o negócio de Tecnologia alcançou vendas de 61 ME, aumentando 1,9 pct em termos homólogos e 9,3 pct no segundo trimestre de 2016.
Em termos consolidados, o 'underlying' EBITDA caiu 15,4 pct para 111 ME, superior aos 100 ME estimados pelos analistas, enquanto o EBITDA deslizou 0,4 pct para 190 ME.
A margem de 'underlying' EBITDA teve uma descida homóloga de 1,1 pontos percentuais (pp) para 4,6 pct e a margem EBITDA caiu 0,4 pp para 7,8 pct.
Os encargos financeiros desceram 28,8 pct para 26 ME, tendo a dívida líquida da Sonae diminuido 1,7 pct para 1.389 ME, continuando a empresa "focada em apresentar uma estrutura de capital robusta, sustentada por um nível reduzido de endividamento e por um perfil de maturidade da dívida progressivamente mais extenso".
"Não estão previstas necessidades de refinanciamento para os próximos 18 meses, sendo de realçar que esta estrutura de capital garante a capacidade financeira suficiente para explorar futuras oportunidades de crescimento", afirmou.
O investimento aumentou de 116 ME para 208 ME no primeiro semestre de 2016, "com os negócios da Sonae a prosseguirem com a expansão das suas atividades e reforçarem a sua presença global em linha com a estratégia de diversificação dos estilos de investimento".
O Capex da Sonae MC aumentou 19 ME para 69 ME, destacando-se a abertura de 7 Continente Bom Dia, 1 hipermercado Continente e 11 Well's.
Por seu turno, o Capex da Sonae SR atingiu 102 ME, "aumentando de forma material em termos homólogos, impactado maioritariamente pelo investimento relacionado com a aquisição da Salsa, em 30 de junho".
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)