Por Sergio Goncalves
LISBOA, 11 Out (Reuters) - O objectivo do Governo de cortar o défice público para 0,7 pct do PIB este ano é exequível, embora não esteja isento de riscos, disse o Banco de Portugal (BP), que manteve a projecção de que a economia portuguesa desacelerará para um crescimento de 2,3 pct em 2018, face aos 2,8 pct de 2017 revistos agora em alta.
No primeiro semestre de 2018, o défice público situou-se em 1,9 pct do PIB, mas excluíndo várias operações pontuais fixou-se em 1,1 pct, afirmou o BP.
No Boletim Económico, o banco central realçou que, "nos últimos anos, o défice orçamental ajustado de factores pontuais tem apresentado um valor mais baixo no segundo semestre do que no primeiro".
"Tendo em consideração este perfil, o objectivo oficial para o défice deste ano (0,7 pct do PIB) (...) parece exequível, embora não isento de riscos", afirmou o BP.
O BP explicou que, no primeiro semestre de 2018, o consumo intermédio e as prestações sociais em dinheiro, corrigidas da alteração no perfil de pagamento das pensões, apresentaram um crescimento mais baixo do que as estimativas anuais.
"Importa salientar, contudo, que existem pressões ascendentes na despesa com pensões no segundo semestre, por via do aumento extraordinário das pensões ocorrido em agosto deste ano", disse.
Em 2017, o défice público português, retirando a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, fixou em 0,92 pct - o nível mais baixo em mais de 40 anos de democracia, pelo segundo ano seguido.
ECONOMIA DESACELERA
Neste Boletim Económico, o BP manteve a projecção de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português de 2,3 pct em 2018, desacelerando face aos 2,8 pct de 2017 - o ritmo mais elevado desde o início do século -, que agora foram revistos uma décima em alta.
Comparando com Junho, o banco central reviu em baixa o crescimento das exportações e o crescimento da formação bruta de capital fixo, mas, em contrapartida, vê um aumento maior do consumo privado.
Explicou que, "num contexto de abrandamento da procura externa dirigida à economia portuguesa, estima-se que as exportações de bens e serviços cresçam 5 pct em 2018, menos 0,5 pontos percentuais (pp) do que o projectado em Junho, depois de terem aumentado 7,8 pct em 2017.
"São esperados novos ganhos de quota de mercado das exportações portuguesas, ainda que inferiores aos observados em 2017 e concentrados em sectores como o turismo e os automóveis".
A formação bruta de capital fixo deverá crescer 3,9 pct, menos 1,9 pp abaixo do previsto em Junho, representando um abrandamento de 5,3 pp relativamente ao ano anterior.
Depois de ter aumentado 2,3 pct em 2017, o consumo privado deverá crescer 2,4 pct em 2018, mais 0,2 pp do que antecipava em junho, "refletindo um forte aumento do rendimento disponível real associado ao dinamismo da criação de emprego e à recuperação dos salários reais".
A taxa de desemprego, que em 2017 foi de 8,9 pct, "deverá continuar a diminuir, atingindo 7,0 pct em 2018", disse o BP.
No conjunto do ano, a economia portuguesa deverá apresentar uma capacidade de financiamento, medida pelo excedente da balança corrente e de capital, equivalente a 1,4 pct do PIB, idêntica à verificada no ano anterior.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)