Por Catarina Demony
LISBOA, 3 Mai (Reuters) - A Comissão Europeia (CE) está menos optimista do que o Governo português quanto à redução do défice público nos próximos dois anos, estimando que se mantenha virtualmente estável nos 0,9 pct em 2018 e que desça para 0,6 pct em 2019.
Em 2017, o défice português fixou-se em 3 pct do PIB incluindo a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, em cima do limite da União Europeia, mas retirando este impacto 'one off' caiu para metade nos 0,92 pct - o nível mais baixo em mais de 40 anos de democracia, pelo segundo ano seguido.
As previsões económicas da Primavera, publicadas esta quinta-feira por Bruxelas, são menos entusiastas do que as estimativas do Programa de Estabilidade 2018-22, em que o governo prevê um défice de 0,7 pct do PIB este ano e de 0,2 pct no próximo ano, visando excedentes a partir daí.
Discutido pela Assembleia da Rébublica no dia 24 de Abril, o programa prevê que Portugal aproveite o crescimento da economia e mantenha a "mão forte" na redução do défice.
Nas previsões da Primavera, a CE realçou que "o PIB e o emprego aumentaram significativamente em 2017, impulsionados pela procura interna e pelas exportações".
"Espera-se que o crescimento diminua ligeiramente, mas deve permanecer forte em 2018 e 2019, uma vez que as exportações e o emprego continuam a expandir", referiu a CE.
"O défice do sector público deverá permancer abaixo dos 1,0 pct em 2018 e 2019, enquanto o saldo estrural deve permanecer estável", acrescentou.
Explicou que os 0,9 pct de défice estimado para 2018 deverá reflectir o impacto de "mais operações de suporte à banca, em particular a activação do mecanismo de capital contingente do Novo Banco - de 0,4 pct do PIB -, enquanto o défice sem 'one offs' deverá melhorar para 0,5 pct do PIB".
O Novo Banco é o 'good bank' que emergiu dos 'escombros' do colapsado Banco Espírito Santo (BES) e cujos 75 pct do capital foram vendidos à private equity norte-americana Lone Star.
Portugal está a passar pela sua fase de crescimento mais forte desde o início do século, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) crescido 2,7 pct em 2017, acima dos 2,6 pct previstos pelo Governo e contra 1,5 pct em 2016.
No Programa de Estabilidade, o Governo estima que a economia portuguesa cresça 2,3 pct tanto em 2018 como em 2019.
Bruxelas vê a economia portuguesa a crescer 2,3 pct em 2018 e 2,0 pct em 2019.
Quanto ao rácio de dívida, após ter fixado em 215,7 pct do PIB em 2017, o Governo vê uma queda para 122,2 pct em 2018 e para 118,4 pct em 2019.
"A dívida pública bruta é projectada diminuir cerca de três pontos percentuais por ano em relação ao PIB", disse a CE.
Bruxelas acredita que a taxa de desemprego continue a cair, dos 9 pct de 2017 para 7,7 pct em 2018 e para 6,8 pct em 2019.
"O desemprego já está mais baixo do que estava imediatamente antes da crise em 2008, mas está ainda acima do mínimo histórico de 5,1 pct em 2000", concluiu Bruxelas.
(Por Catarina Demony; Editado por Sérgio Gonçalves)