Por Steve Holland e Andrew Osborn
WASHINGTON/MOSCOU, 12 Abr (Reuters) - Os Estados Unidos acusaram na terça-feira a Rússia de tentar proteger o líder sírio da culpa por um ataque com gás na semana passada, num momento em que o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, levou uma mensagem do Ocidente a Moscovo condenando o seu apoio ao presidente sírio.
Autoridades seniores da Casa Branca, falando aos repórteres em condição de anonimato, disseram que o governo de Assad realizou o ataque de 4 de abril com gás nervoso sarin contra civis na província síria de Idlib, matando 87 pessoas, incluindo muitas crianças, para colocar pressão sobre os rebeldes que estavam a ter avanços na área.
A Rússia defendeu Assad, seu aliado, contra acusações norte-americanas de que forças sírias teriam realizado o ataque, dizendo que não há evidências. A Rússia culpou rebeldes sírios.
"A Rússia está numa ilha no que diz respeito ao apoio à Síria ou a sua falta de, francamente, reconhecimento pelo que aconteceu. Os factos estão a nosso favor", disse a repórteres o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
Mas durante a mesma conferência de imprensa Spicer foi alvo de críticas após querer destacar a desolação do ataque a gás ao dizer: "é alguém tão desprezível como Hitler, que não chegou a baixar o nível para uso de armas químicas". Os nazis assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Muitos foram mortos em câmaras de gás em campos de concentração na Europa.
Spicer posteriormente enviou por e-mail um comunicado a repórteres que pediam por maiores explicações.
"De nenhuma maneira estava tentando minimizar a natureza horrível do Holocausto. Eu estava tentando desenhar uma distinção da táctica de usar aeronaves para lançar armas químicas contra centros populacionais. Qualquer ataque contra pessoas inocentes é repreensível e imperdoável".
As autoridades da Casa Branca disseram que a Rússia tem frequentemente produzido múltiplas considerações conflituosas sobre a agressão do governo sírio, incluindo o incidente na cidade de Khan Sheikhoun, para criar confusão e dúvidas dentro da comunidade internacional.
"As acusações russas encaixam-se num padrão de desviar a culpa do regime (sírio) e tentar prejudicar a credibilidade dos seus oponentes", disse uma das autoridades da Casa Branca.
Os EUA lançaram 59 mísseis de cruzeiro contra uma base aérea síria na quinta-feira em retaliação ao ataque.
O ataque levou o governo do presidente Donald Trump, que assumiu em janeiro pedindo laços mais amistosos com a Rússia, a um confronto com Moscovo.
A inteligência norte-americana indica que o agente químico foi distribuído pela aeronave síria Su-22 que decolou da base aérea de Shayrat, segundo um relatório da Casa Branca entregue aos repórteres.
Num documento de quatro páginas, a Casa Branca procurou refutar muitas das reivindicações de Moscovo sobre as circunstâncias do ataque.
O documento dizia que aviões sírios estavam nas proximidades de Khan Sheikhoun cerca de 20 minutos antes do ataque ter início e desocuparam a área pouco depois.
"Além disso, a nossa informação indica que funcionários historicamente associados ao programa de armas químicas da Síria estavam na base aérea de Shayrat no final de março a realizarem preparativos para um ataque futuro no norte da Síria, e eles estavam presentes na base aérea no dia do ataque", segundo o relatório.
(Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)