ROMA, 20 Fev (Reuters) - O ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi renunciou no domingo à chefia Partido Democrático (PD) que governa o país, abrindo espaço para uma luta pela liderança, na qual irá enfrentar rivais que ameaçam aparecer ao centro-esquerda do PD.
Lutando pela sua vida política, Renzi deixou claro que irá procurar a reeleição e alertou que conflitos internos no PD são um presente para o principal oponente no Parlamento, o 'anti-establishment' Movimento 5 Estrelas.
Uma década após a sua fundação, o PD está à beira de uma cisão que arrisca criar ainda mais instabilidade política em Itália, terceira maior economia da zona do Euro, marcada por anos de recessão, altas taxas de desemprego e uma dívida crescente.
Dissidentes do PD, incluindo o ex-líder Pierluigi Bersani, dizem que o partido se afastou demais de suas raízes esquerdistas. Apoiantes de Renzi dizem que os rivais são movidos pela animosidade pessoal e querem expandir a sua influência.
"A única palavra pior que 'cisão' é a palavra 'chantagem'. Pedirem-me para sair não é democrático", disse Renzi durante a assembleia do partido num hotel de Roma, confirmando que tentará novamente a liderança do PD, a qual ganhou pela primeira vez em 2013.
Renzi renunciou como primeiro-ministro em dezembro após perder um referendo sobre a reforma constitucional, mas quer voltar ao poder e realizar as eleições nacionais este ano, e não no início de 2018, como planeado.
Tal irritou dissidentes do PD, que argumentam ser necessário um tempo maior para resolver os problemas do partido e desenvolver um manifesto que promova gastos sociais e combata a desigualdade.
Um dos maiores críticos de Renzi teve um tom inesperadamente conciliatório no final do debate deste domingo, sugerindo que a crise interna pode ser resolvida.
"Estamos a sentir uma grande dor neste momento. Muitos camaradas estão a vir ter comigo, pegando na minha mão e dizendo que é importante ficarmos juntos. Isso está a nosso alcance", disse Michele Emiliano, chefe da região de Puglia.
Renzi não disse quando uma votação pela liderança será feita, mas os seus aliados afirmam que ele pretende realizá-la antes das eleições locais de junho, temendo que uma derrota para o PD possa então diminuir suas chances. (Traduzido para português por Lisboa Editorial)