A cimeira entre a União Europeia e a União Africana fica marcada por dois dias de debates intensos que reforçaram a parceria entre as duas organizações em várias áreas. Mas, existem grandes diferenças na abordagem de uma das questões mais prementes a nível mundial.
Com apenas 11% da população totalmente vacinada contra a Covid-19, África regista um atraso na luta contra a pandemia.
Discórdia sobre o acesso às vacinas em ÁfricaOs líderes africanos acusam os europeus de acumular doses de vacinas. Outro ponto de discórdia: a recusa europeia em renunciar aos direitos de propriedade intelectual de vacinas e medicamentos.
“Estamos a falar da vida de milhões, centenas de milhões de pessoas, e não da rentabilidade de algumas empresas. Não é aceitável que África esteja sempre no fim da fila, em relação ao acesso aos medicamentos", afirmou Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul.
O reforço dos sistemas de saúde em ÁfricaPara a República Democrática do Congo, o reforço dos sistemas de saúde locais é a grande prioridade.
"A pandemia exige solidariedade internacional, o que implica assistência, colaboração nas áreas dos testes e da medicação e especialmente na produção de vacinas", considerou Christophe Lutundula, ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo.
Apesar dos investimentos europeus em África para lutar contra a Covid-19, alguns analistas afirmam que a pandemia revelou as assimetrias entre os dois continentes.
"No início, tivemos a impressão de que a comissão estava muito interessada em falar com África. Mas depois com a pandemia, a nossa visão de que havia uma parceria entre iguais foi posta em causa", disse à euronews Frank Mattheis, investigador da Universidade das Nações Unidas.
Doenças globais exigem respostas globaisAs organizações da sociedade civil apelam agora para a criação de uma parceria urgente entre a África e a Europa, ao nível da saúde.
"É preciso apoiar o sistema de saúde africano para evitar que este tipo de pandemia se agrave no resto do mundo. Essa parceria é necessária porque quando há uma doença num sítio, essa doença pode chegar a qualquer parte do mundo", afirmou Edwin Ikuhoria, director executivo de África ONE.
Para chegar aos 70% de pessoas vacinadas contra a Covid-19, em África até ao final do ano, o ritmo da vacinação tem de ser seis vezes superior ao atual.