A Airbus confirmou o que, desde há alguns dias, se temia: a maior construtora aeronáutica da Europa vai suprimir 15 mil postos de trabalho, a grande maioria dos quais na Europa, sobretudo em França e na Alemanha. É a resposta à crise gerada pela pandemia de Covid-19 e à paragem no tráfego aéreo. A empresa dava trabalho, até agora, a cerca de 130 mil pessoas em todo o mundo. É um plano de reestruturação cujo anúncio estava já previsto para esta semana. Há poucos dias o grupo apresentou números que preveem uma forte quebra na produção até ao próximo ano.
Isto mesmo se o tráfego aéreo retoma, lentamente. Durante a semana de 15 a 21 junho, o número de aviões a circular no espaço aéreo europeu era 77,9% menos que na mesma altura do ano passad, segundo a Eurocontrol.
Tempestade à vista na Air FranceA crise afeta também as companhias. O Grupo Air France poderá cortar até 7500 postos de trabalho nos próximos dois anos, em resposta à crise do coronavírus.
Segundo os sindicatos, estes cortes devem incluir 6500 empregos na Air France e mil na filial regional "HOP!". Embora justificados com as perdas que a transportadora teve e continua a ter por culpa da paragem forçada, os sindicatos contestam os cortes que se avizinham.
Philippe Martinez, secretário-geral da central sindical francesa CGT, diz que "tem a impressão de que quanto mais o governo concede ajudas e empréstimos às empresas, mais empregos se perdem".
A Air-France recebeu do Estado francês um pacote de resgate de 7 mil milhões de euros para compensar as perdas sofridas por culpa da pandemia. Desde o início da crise, as companhias aéreas europeias receberam já dezenas de milhares de milhões de euros em ajudas estatais.
Uma delas é a portuguesa TAP, que recebeu uma ajuda de 1,2 mil milhões de euros. O governo de Portugal planeia agora submeter um decreto ao presidente para renacionalizar a TAP.
Cerca de 90% dos empregados da TAP foram postos em lay-off em abril, uma vez que quase todos os voos foram suprimidos. Segundo os peritos, a situação no setor aeronáutico não voltará aos níveis pré-crise antes de 2023.