A pandemia de Covid-19 continua a fazer vítimas em todo o mundo, mas Angola revela-se como um dos países mais resistentes. A reação das autoridades traduziu-se num confinamento aos primeiros sinais da doença e o uso generalizado de máscaras. Numa zona industrial, foi construído, em tempo recorde, um hospital de campanha. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, pelo menos 19 pessoas morreram com Covid-19 em Angola. O país tem cerca de 32 milhões de habitantes – quase tantos como o Canadá que regista mais de 8500 mortes devido ao novo coronavírus.
Angola mobiliza-se para salvaguardar a economia e garantir atratividadeAlguns observadores apontam Angola como o país mais seguro em termos de saúde em toda a África Subsaariana.
António Henriques da Silva entrevistado por Serge Rombi Euronews
Para António Henriques da Silva, Presidente da Agência de Promoção de Investimentos e Exportações de Angola (AIPEX), a comparação só pode ser feita "com aqueles que estão mais próximos, com semelhanças em termos da realidade e dos desafios que enfrentam" e nesta medida considera se pode "dizer definitivamente que até ao momento têm sido bem-sucedidos". "De uma forma humilde, podemos dizer que conseguimos fazer isto porque seguimos de maneira organizada as orientações que foram dadas ao governo. Levámos isto a sério," afirma António Henriques da Silva.
O patrão da agência de investimento externo angolana diz-se "muito orgulhoso do que foi feito em Angola durante a crise" e estende o sentimento aos últimos dois anos que, nas suas palavras serviram para "por de novo Angola nos carris". António Henriques da Silva sublinha o novo momento em que o país se encontra "com trabalho duro, honestidade e esforço para livrar o país da corrupção e mobilizar-nos para o desenvolvimento". Tarefas que, diz, "não são apenas do governo, são do país."
Agricultura ganha novo fôlegoAlguns empresários foram particularmente inovadores para fazer face à crise provocada pela pandemia e às necessidades do país.
Fazenda Girassol, em Angola D. R.
Na Fazenda Girassol, uma maiores explorações agrícolas de Angola, o confinamento generalizado e a paragem repentina das importações devido à Covid-19 obrigou a empresa a rever todos os processos de produção e de distribuição.
Francisca dos Santos Daniel toma conta da plataforma digital da empresa. Diz que a equipa teve de se adaptar a uma verdadeira explosão de pedidos. "Durante a pandemia, conseguimos 4.000 novos clientes" - um número que ninguém previa e um teste à capacidade de resposta das equipas que teve nota positiva.
"Investimos 10 milhões de dólares na produção de frutas tropicais como bananas e papaias. O objetivo foi satisfazer o nosso mercado nacional, mas poder também exportar,” garante esta responsável da Fazenda Girassol.
Esta aposta dos empresários privados encontra apoio no poder central. Trata-se de aproveitar os recursos existentes. Angola está no top 5 dos países com maior potencial agrícola do mundo.
António Henriques da Silva, presidente da AIPEX, sublinha que o país tem "cerca de 53 milhões de hectares de terra arável. Desses, apenas 4 ou 5 milhões estão a ser usados". "É um enorme potencial. Não apenas para angolanos ou para empresários que já estão em Angola, é também uma oportunidade de investimento," afirma em entrevista à Euronews.
As autoridades angolanas têm traçado uma estratégia de diversificação económica para travar a dependência do petróleo. O presidente da AIPEX espera que os investidores privados visitem Angola e vejam que o país não é "apenas uma terra de oportunidades", mas que está a "trabalhar muito para ajustar as instituições e a forma de execução aos padrões de referência para projetos e investimentos no país e na economia".
Angola quer aproveitar os diferentes potenciais – e a agricultura é apenas um exemplo. Tem já vários ativos que podem atrair investidores, como os recursos hídricos ou o turismo.