LISBOA, 29 Jan (Reuters) - O prolongamento do confinamento nacional em Portugal esta semana, num pico de infecções por COVID-19 não foi surpresa para Marco, 43 anos, que teve de fechar o seu ginásio de Lisboa no início deste mês.
Mas ele está cansado e chateado.
"Estamos nisto há um ano, algo deveria ter sido feito mais cedo", disse ele à Reuters na sexta-feira, enquanto passeava o seu cão na praça de uma igreja, de resto em grande parte vazia.
Perante o maior número de mortos per capita do mundo, Portugal prolongou um duro confinamento até meados de Fevereiro, proibiu viagens não essenciais para os seus nacionais e impôs controlos na fronteira com Espanha.
Marco teve de fechar o seu estúdio este mês pela segunda vez desde o início da pandemia e espera que permaneça fechado durante algum tempo.
"Era óbvio que eles tinham de o fazer. Mas eu estou frustrado. Não há nada a fazer", disse.
O Primeiro-Ministro António Costa disse na quarta-feira que o relaxamento das restrições durante o Natal agravou a situação, mas também apontou a rápida propagação de uma nova variante mais contagiosa agora estimada como responsável por cerca de um terço dos casos.
Os hospitais estão sob pressão. Dados do Ministério da Saúde mostram apenas 67 camas de cuidados intensivos disponíveis em todo o país.
"Eles não tiveram a coragem de manter as pessoas em casa. Foi um grande erro", disse Rui Pedro, 56 anos, ao esperar pela sua boleia na neblina da manhã no histórico bairro de Campo de Ourique, em Lisboa.
As ruas estavam em grande parte desertas, excepto para o ocasional caixa do supermercado ou para o trabalhador da construção civil que fazia uma pausa no passeio e alguns peões que passavam rapidamente.
Poucos acreditam que as restrições sejam levantadas em breve.
"Se em Março as coisas estiverem boas, isso é óptimo, mas não acredito", disse Maria Rita Coutinho, 69 anos. "Enquanto as pessoas não compreenderem que têm de respeitar a situação, não vamos a lado nenhum".
Texto integral em inglês: (Por Victoria Waldersee, Miguel Pereira, Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)