Dave Calhoun deixará o cargo de Diretor-Executivo da Boeing (NYSE:BA) no final deste ano. O gestor ficou fragilizado depois de um dos novos aviões do fabricante norte-americano, o Max 737 9 da Alaska Airlines, ter sido forçado a aterrar de emergência em janeiro por ter perdido o painel de uma porta em pleno voo. Os investigadores dizem que faltavam parafusos.
O incidente, que levou as autoridades federais norte-americanas a ordenarem a paragem de 171 aviões Max 9 durante várias semanas, criou a maior crise de segurança para a Boeing desde os acidentes de dois dos seus jatos Max 737 em 2018 e 2019, nos quais morreram 346 pessoas.
As tragédias tinham levado à demissão de Dennis Muilenburg, que foi substituído no cargo por Calhoun em janeiro de 2020.
No mês passado, a Administração Federal da Aviação ordenou uma auditoria às linhas de montagem de uma fábrica da Boeing perto de Seattle.
O próprio regulador norte-americano já efetuou uma auditoria de seis semanas à linha de produção da Boeing, que detetou várias falhas. O Departamento de Justiça dos EUA está a conduzir a sua própria investigação sobre o incidente de janeiro no voo da Alaska Airlines.
O presidente da Boeing, Larry Kellner, já anunciou que não se vai recandidatar ao cargo. Stan Deal, que lidera a atividade de aviões comerciais da Boeing, deixou a função com efeitos imediatos.
Segurança deve ser a prioridade
Justin Green, advogado da Kreindler & Kreindler que representa 34 famílias que perderam entes queridos no voo 302 da Etiópia, que se despenhou em 2019, afirmou que a saída de Calhoun foi "positiva", mas "bastante tardia".
"O próximo CEO deve saber que seu papel será dar prioridade à segurança, não apenas ao lucro", salientou Green. "Durante muito tempo, a Boeing tem evitado a responsabilidade pública e essas mudanças de liderança abrem uma janela de oportunidade para a empresa fazer isso.".