LONDRES/BENGALURU, 28 Mai (Reuters) - O plano do fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros da União Europeia não é uma mudança de paradigma, uma vez que o nível de redução da dívida para países como Itália será provavelmente marginal, disse na quinta-feira um analista de crédito soberano da PIMCO.
"Foi um passo na direcção certa, que poderá permitir aos periféricos injectar mais estímulos nas suas economias a partir de 2021", disse Nicola Mai, membro do comité europeu de carteiras da PIMCO, ao Reuters Global Markets Forum, referindo-se ao plano da UE divulgado na quarta-feira.
"Mas não é um 'game changer' de jogo, pois a redução do nível da dívida será marginal. E a incerteza quanto à ratificação política continua a ser significativa".
A PIMCO, uma das maiores empresas de investimento do mundo, posiciona-se cautelosamente sobre as obrigações periféricas da Zona Euro, vendo um valor decente aos níveis actuais, disse Mai, que acrescentou estar atento para se ou até que ponto o plano de recuperação da UE está enfraquecido.
Os analistas esperam que haja uma hipótese de a proposta, que oferecerá uma combinação de subvenções e empréstimos às economias afectadas pelo coronavírus, poder ser diluída, dada a oposição dos Estados falcões do Norte da Europa, que preferem conceder empréstimos e não subvenções.
Mai acrescentou que o papel do Banco Central Europeu como mutuante de último recurso dos soberanos continua a ser fundamental e espera que o banco aumente na próxima semana as suas compras de obrigações, possivelmente em cerca de 500 mil milhões de euros.
O eurodeputado espera também que o BCE acrescente às suas compras de activos, já na próxima semana, obrigações de grau de investimento recentemente desvalorizadas, conhecidas como "anjos caídos".