A pandemia de covid-19 agravou consideravelmente a desigualdade de géneros. A conclusão é do relatório anual do Fórum Económico Mundial, que estima que a igualdade entre os sexos só seja atingida daqui a 135 anos, mais 35 anos do que no relatório do ano passado.
A euronews falou com a diretora administrativa da organização, Saadia Zahidi, para saber porque é que o efeito da pandemia foi tão devastador:
"A pandemia teve um enorme impacto na participação de mulheres no mundo laboral. Ao mesmo tempo, não relacionado com a pandemia, registou-se uma quebra no progresso que tinha sido feito no passado relativamente ao empoderamento político das mulheres, particularmente em algumas das maiores economias. É o momento para pensar na igualdade de géneros e na inclusão, ao mesmo tempo que pensamos na recuperação económica. Não existem meias-recuperações."
A viagem rumo à igualdade ainda é longa, mas Saadia Zahidi traça o caminho a seguir:
"Uma forma (de chegar à igualdade) prende-se com a economia e com as infraestruturas de cuidados. Se não criarmos soluções para cuidar de crianças e dos idosos e se a nossa cultura continuar a depender das mulheres para fazer esse trabalho gratuitamente, então continuaremos a ter desigualdade de género.
Outra medida passa pela revolução das competências. O trabalho futuro vai exigir enormes requalificações de competências, evolução constante e reconversões profissionais.
A terceira solução passa pela diversidade na liderança. Se quisermos ser criativos para sair desta crise, podemos ter quotas, podemos ter objetivos e é preciso que sejam quotas e objetivos inteligentes. Podemos assegurar, por exemplo, que se as empresas precisarem de aumentar consideravelmente as contratações no próximo ano, quando a economia retomar, que respeitem a igualdade de género nas contratações."
O relatório do Fórum Económico Mundial revelou ainda os países que mais se destacam na igualdade entre homens e mulheres. O ranking de 156 países é liderado pela Islândia. Portugal subiu 13 lugares relativamente ao ano passado e está na 22.ª posição.
Entre os restantes países de língua portuguesa, destaque para Moçambique, no 32.º lugar. Timor-Leste é 64.º, Cabo Verde 68.º, Brasil 93.º e Angola 119.º.