Por Catarina Demony e Miguel Pereira
LISBOA, 4 Set (Reuters) - A polícia guarda um tribunal de Lisboa atrás das barreiras de multidão na sexta-feira antes do julgamento de Rui Pinto, cujo website Football Leaks publicou uma enorme quantidade de documentos expondo os negócios multimilionários dos clubes de futebol europeus.
O ex-aluno de História de 31 anos de idade, será julgado a partir das 9h30 da manhã (0830 GMT) no Tribunal Penal Central da capital portuguesa, por 90 crimes, incluindo acesso não autorizado a dados, violação de correspondência e tentativa de extorsão.
Pinto reconhece ter libertado os 70 milhões de documentos, mas diz ter sido um delator que agiu no interesse público.
Os dados do Football Leaks mostraram como algumas das figuras mais ricas e proeminentes do futebol evitaram os impostos canalizando os ganhos para o estrangeiro, e forneceram informações sobre indivíduos e organizações abastadas do Golfo que se tornaram influentes no desporto.
Também examinou as enormes somas que fluem através dos principais clubes e a forma desigual como as autoridades têm aplicado as regras.
A "LUTA PROSSEGUE"
Os documentos forneceram algumas das provas que levaram a uma proibição - desde então anulada - do Manchester City de competir na Liga dos Campeões da Europa por alegadas violações das regras do Financial Fair Play.
Pinto foi detido na Hungria em Janeiro de 2019, embora mais tarde tenha sido libertado da prisão domiciliária e esteja agora sob protecção de testemunhas.
"A luta continua porque quase dois anos mais tarde Portugal ainda é um paraíso para a grande corrupção e lavagem de dinheiro", escreveu Pinto no Twitter recentemente.
Espera-se que o julgamento dure até Dezembro e inclua o testemunho de 45 testemunhas, incluindo o fugitivo dos serviços secretos norte-americanos, Edward Snowden, para a defesa.
Em Janeiro, Pinto disse ser também responsável pela divulgação de centenas de milhares de ficheiros sobre alegados esquemas financeiros utilizados pela multimilionária angolana e antiga primeira filha Isabel dos Santos para construir um império empresarial.
Angola deu início a investigações criminais, mas dos Santos negou repetidamente a existência de irregularidades.
Texto integral em inglês: (Por Catarina Demony e Miguel Pereira; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)