LISBOA, 16 Fev (Reuters) - Portugal irá utilizar todas as subvenções do fundo de recuperação da UE para relançar a sua economia, após a pandemia do coronavírus, mas irá absorver menos empréstimos do que inicialmente previsto devido à sua já elevada dívida pública, disse na terça-feira o Ministro do Planeamento, Nelson de Souza.
Uma versão actualizada do plano de recuperação disse que os quase 14 mil milhões de euros em subvenções da UE seriam utilizados até 2026, mas os empréstimos previstos foram reduzidos para 2,7 mil milhões de euros, dos 4,3 mil milhões de euros previstos em Outubro.
"Esta é uma oportunidade que não podemos perder... mas a situação macroeconómica da dívida no nosso país condiciona (nós) e diz-nos para sermos prudentes na utilização dos fundos sob a forma de empréstimos", disse de Souza aos jornalistas.
O governo também delineou expectativas para desenvolver um projecto transfronteiriço de lítio com a vizinha Espanha, que também tem reservas do metal leve, para produzir e reciclar baterias de veículos eléctricos.
Não forneceu quaisquer pormenores, excepto que as fábricas seriam instaladas nas regiões fronteiriças.
Portugal já produz lítio para a indústria cerâmica, e as empresas preparam-se agora para produzir lítio de qualidade superior utilizado em automóveis eléctricos e para alimentar aparelhos electrónicos.
O plano prevê dezenas de projectos de investimento, incluindo em saúde, habitação social, inovação e infra-estruturas. Existem também projectos de apoio a um modelo económico mais ecológico e à digitalização das empresas.
O plano está em consulta pública durante duas semanas e será apresentado em Bruxelas no início de Março, disse de Souza, acrescentando que alguns projectos poderão começar a ser implementados antes deste Verão.
A economia portuguesa encolheu 7,6% no ano passado devido à pandemia, a sua maior recessão anual desde 1936, e o rácio da dívida pública subiu para um valor recorde de 134,9% do produto interno bruto.
O governo está determinado a reduzir o rácio da dívida para 130,9% este ano.
Texto integral em inglês: (Por Sergio Goncalves; Reportagem adicional de Catarina Demony; Traduzido para português por Patrícia Vicente Rua)