Por Babak Dehghanpisheh
BEIRUTE, 18 Mai (Reuters) - O presidente do Irão, Hassan Rouhani, exortou na quarta-feira a poderosa Guarda Revolucionária e a milícia Basij sob o seu controle a não interferirem na eleição presidencial de sexta-feira, um aviso raro que enfatiza as tensões políticas crescentes.
A Guarda, que supervisiona um império económico de milhares de milhões de dólares, raramente é criticada em público, mas o pragmático Rouhani está numa corrida inesperadamente disputada com o clérigo linha-dura Ebrahim Raisi, que se acredita ter o apoio da Guarda.
"Só temos um pedido: que a Basij e a Guarda Revolucionária fiquem nos seus próprios lugares para fazerem o seu próprio trabalho", disse Rouhani durante um discurso de campanha na cidade de Mashad, de acordo com a Agência de Notícias Trabalhista Iraniana.
Rouhani reforçou o seu apelo ao dizer que o falecido ayatolá Ruhollah Khomeini, fundador da República Islâmica, alertou as forças armadas a não interferirem na política.
As suspeitas de que a Guarda Revolucionária e a milícia Basij defraudaram os resultados da eleição de 2009 a favor de Mahmoud Ahmadinejad desencadearam protestos em todo o país à época. Dezenas de pessoas foram mortas e centenas foram presas, segundo grupos de direitos humanos, durante os maiores distúrbios da história do país persa.
O líder supremo ayatola Ali Khamenei, a maior autoridade iraniana, disse na quarta-feira que manter a segurança é uma das maiores preocupações na eleição. Ele criticou a retórica acalorada da campanha, que classificou como "indigna" - uma repreensão velada a Rouhani, que procura um segundo mandato de quatro anos.
Rouhani, de 68 anos, e Raisi, um protegido de 56 anos do líder supremo, trocaram acusações de corrupção e brutalidade ao vivo na televisão com uma veemência jamais vista na história de quase 40 anos da República Islâmica.
Raisi acusou Rouhani de ser corrupto e de administrar mal a economia. Rouhani, que quer abrir o Irão ao Ocidente e aliviar as restrições sociais dentro do país, respondeu acusando Raisi, que serviu no poder Judiciário por vários anos, de violações de direitos humanos. Ambos negam as acusações. (Por Babak Dehghanpisheh) (Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)