* Banco Portugal tem até Agosto 2017 para vender Novo Banco
* Lone Star "profundamente" confiante futuro do 'good bank'
* Lone Star quer manter base clientes Portugal, foco empresas (Altera título, lead e acrescenta comentários do presidente da Lone Star para a Europa)
Por Sergio Goncalves e Daniel Alvarenga
LISBOA, 20 Fev (Reuters) - A Lone Star está empenhada em chegar a um acordo final com o Banco de Portugal (BP) para comprar o 'good bank' Novo Banco, após ter sido escolhido para uma negociação exclusiva, disse o presidente da Lone Star para a Europa.
Anteriormente, o Banco de Portugal anunciou que "decidiu selecionar o potencial investidor Lone Star para uma fase definitiva de negociações, em condições de exclusividade, com vista à finalização dos termos em que poderá realizar-se a venda da participação do Fundo de Resolução no Novo Banco".
"Continuamos empenhados em chegar a um acordo final com o Banco de Portugal para apoiar o Novo Banco beneficiando, no longo prazo, os seus clientes, colaboradores, credores e a economia portuguesa em geral", disse Olivier Brahin, presidente do Lone Star para a Europa, em comunicado.
"Estamos profundamente optimistas em relação a Portugal e ao futuro da economia do país, e é, por isso, que procuramos proporcionar o capital, os recursos e os conhecimentos necessários para que o Novo Banco continue a ser um pilar forte e focado no mercado doméstico do sistema bancário português".
Adiantou que, "após uma análise aprofundada da instituição ao longo dos últimos meses, estamos conscientes da importância do Novo Banco para o futuro da economia portuguesa", frisando: "estamos profundamente confiantes no futuro do Novo Banco".
Portugal está numa corrida contra o tempo para vender este banco de transição que nasceu dos escombros do Banco Espírito Santo (BES), 'resolvido' em 2014, pois Bruxelas fixou Agosto de 2017 como prazo limite para a venda.
A 'private equity' Lone Star já tinha dito que via "enorme potencial" no Novo Banco e que ia trabalhar "incansavelmente" para selar a compra, estando disposta a injectar o capital necessário para garantir que o 'good bank' continuará um pilar forte do sector. PORTUGAL, EMPRESAS
"O plano estratégico do Lone Star para o Novo Banco inclui a manutenção do foco central da sua atividade no atendimento da sua base de clientes em Portugal, com particular destaque para o segmento empresarial", disse Olivier Brahin.
Explicou que "o projeto prevê um trabalho muito próximo com a atual equipa de gestão, contando com a liderança do seu Presidente executivo, António Ramalho, cujo conhecimento da instituição é fundamental para sua revitalização".
"Aguardamos com expectativa começar a trabalhar com a equipa de António Ramalho e os colaboradores do Novo Banco, assim que chegarmos a um acordo final com o Banco de Portugal, no sentido de fortalecermos a posição de capital do banco, fomentarmos uma cultura de transparência, em conformidade com as melhores práticas de mercado e lançarmos produtos inovadores, financeiros e de serviços, aprofundando a confiança dos clientes".
CRIAR CONDIÇÕES
O BP tinha dito a 4 de Janeiro que a 'private equity' era a melhor posicionada para vencer a corrida à compra do Novo Banco e que ia entrar em negociações aprofundadas, apesar do processo negocial prosseguir com os outros candidatos que se mostraram disponíveis para melhorar ofertas.
Olivier Brahin disse que, desde 5 de Janeiro, "o Banco de Portugal e o Lone Star trabalharam de forma intensa na criação de condições para a obtenção de um resultado final que vá ao encontro do interesse de todas as partes envolvidas".
No início de Dezembro, o banco central não identificou os candidatos, mas fontes disseram à Reuters que os três concorrentes que estavam à frente na corrida eram o chinês Minsheng, a Apollo/Centerbridge e a Lone Star.
A 'private equity' Lone Star é um fundo norte-americano que, desde que estabeleceu o primeiro fundo pela mão de John Grayken em 1995, organizou 17 fundos 'private equity' com compromissos agregados de capital superiores a 70.000 milhões de dólares.
O Governo tem frisado o papel central do Novo Banco no sistema bancário português por causa da forte presença no financiamento às pequenas e médias empresas, referindo que futuras decisões têm que ter esta importância em conta.
No âmbito da resolução do BES, o capital do Novo Banco foi injectado com 4.900 milhões de euros (ME), tendo o Tesouro concedido um empréstimo de 3.900 ME ao Fundo de Resolução. (Por Sérgio Gonçalves e Daniel Alvarenga; Editado por Patrícia Vicente Rua)