BERLIM/RUESSELSHEIM, 17 Fev (Reuters) - A Alemanha fará tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que as fábricas e os empregos da Opel no país sejam mantidos, caso se confirme a aquisição da marca por parte do grupo francês PSA à norte-americana General Motors (NYSE:GM), garantiu Angela Merkel esta sexta-feira, destacando os desafios políticos que os fabricantes enfrentam para se chegar a um acordo.
Os comentários da chanceler surgem na sequência de declarações dos representantes dos trabalhadores, na sede da Opel, que se disseram preparados para manter conversações com o grupo PSA, desde que os compromissos relativamente aos empregos e aos investimentos fossem mantidos - alguns dos quais se estendem para além de 2020.
A GM e o grupo PSA, recorde-se, anunciaram esta semana a existência de conversações tendo em vista a potencial aquisição por parte dos franceses da Opel, braço europeu da norte-americana GM, situação que fez soar alarmes na Alemanha e na Grã-Bretanha relativamente a eventuais reduções de postos de trabalho. Em território alemão, a GM tem emprega cerca de 38 mil pessoas na Opel, ao passo que na Grã-Bretanha tem cerca de 4.500 trabalhadores na Vauxhall.
A indústria automobilística da Europa tem passado por anos de dificuldades devido ao excesso de trabalhadores no sector e alguns analistas consideram que serão necessários cortes para que o acordo chegue a um bom porto. Fontes próximas do grupo PSA disseram na quinta-feira à Reuters que cortes nos postos de trabalho e encerramento de fábricas são temas que fazem parte das conversações, com as duas fábricas da Grã-Bretanha a surgirem à cabeça.
No entanto, quaisquer cortes nos postos de trabalho serão muito difíceis de concretizar, tendo em conta que este ano há eleições na Alemanha e na França e, por outro lado, a Grã-Bretanha quer provar que a da União Europeia não vai levar os investidores estrangeiros a retirarem-se do território britânico.
"Com a Opel, as negociações estão a decorrer e o Governo tem um processo de coordenação em andamento", disse Merkel aos jornalistas, depois de um encontro com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, em Berlim.
"Faremos tudo o que estiver politicamente ao nosso alcance para garantir que os empregos continuam na Alemanha", acrescentou.
CONTACTOS DIÁRIOS
O ministro da Economia britânico Greg Clark, por seu lado, revelou que responsáveis do Grupo PSA lhe garantiram, numa reunião na noite de quinta-feira, que a empresa francesa tenciona aproveitar o sucesso do negócio da Vauxhall caso consiga comprar a Opel.
O ministro francês da Indústria, Christophe Sirugue, também prometeu esta sexta-feira manter contacto diário com os Governos alemão e britânico sobre o possível acordo. O Governo francês, refira-se, detém uma participação de 14 por cento no Grupo PSA.
Para o grupo PSA, que detém as marcas Peugeot, Citroën e DS, a compra da Opel significaria uma fatia de de 16,3 por cento no mercado europeu de veículos de passageiros, subindo para o segundo lugar no velho continente, à frente da Renault e apenas atrás da alemã Volkswagen.
Embora as economias de escala possam ajudar o grupo PSA a reduzir as perdas de longo prazo da Opel, muitos analistas pensam que serão necessários cortes nos custos para que o negócio possa resultar no longo prazo.
No entanto, os líderes sindicais da Opel já avisaram que não estão dispostos a fazer concessões.
Versão completa em inglês: (Reportagem de Paul Carrel e Edward Taylor, com Jean-Baptiste Vey em Paris e Kate Holton em Londres; traduzido por Daniel Lourenço em Gdynia)