* Dólar caiu 1,39% ante real nos dois pregões anteriores
* Dólar cedia ante cesta de divisas no exterior
* BC vende lote integral de 6 mil swaps tradicionais
Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 16 Fev (Reuters) - O dólar devolveu toda a queda registrada ante o real mais cedo nesta sessão e passou a subir, com o preço baixo, bem próximo de 3 reais, atraindo compradores interessados em recompor suas posições.
Até então, o dólar mantinha a trajetória de queda ante o real vista nos dois pregões anteriores, influenciado pela aprovação da nova rodada de regularização de recursos brasileiros no exterior, reforçando a expectativa de fluxo positivo ao país.
Às 15:43, o dólar BRBY avançava 0,10 por cento, a 3,0700 reais na venda, depois de caído quase 1 por cento na véspera. No acumulado dos dois pregões anteriores, o dólar recuou 1,39 por cento.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,0390 reais, com quase 1 por cento de queda novamente, menor patamar intradia desde de 18 de junho de 2015 (3,0292 reais). O dólar futuro DOLc1 perdia cerca de 0,50 por cento.
"O dólar ficou barato, o importador comprou e as tesourarias bancárias recompuseram um pouco de suas posições lembrando que os investidores têm que entregar cerca de 4 bilhões de dólares no final do mês", disse o diretor da Correparti Corretora Jefferson Rugik.
Ele se referia ao volume de contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda de moeda no mercado futuro-- referente ao mês de março que o Banco Central sinalizou que não deve rolar.
O Banco Central fez nesta sessão o terceiro leilão seguido para rolar os contratos, num total de 300 milhões de dólares em cada um, sinalizando que deixará vencer parte dos quase 7 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.
Esses investidores que não serão atendidos pelo BC irão a mercado fazer suas compras e podem pressionar um pouco a moeda.
A autoridade vendeu integralmente a oferta nestes três dias e, com a venda desta quinta, faltam rolar ainda 6,054 bilhões de dólares do total de 6,954 bilhões de dólares que vencem em março. profissionais acreditavam que uma forma de o BC conter um pouco o movimento de recuo do dólar ante o real é repetir nos próximos meses a redução da rolagem de swaps tradicionais.
"O mercado não acreditava que o BC iria rolar alguma coisa esse mês e, quando anunciou, acabou tendo viés de baixa na moeda. Mas com o dólar nesses preços, ele pode ir diminuindo sua posição em swap", disse a diretora de câmbio da AGK Corretora Miriam Tavares.
Apesar dessa correção pontual, a trajetória da moeda segue como sendo de baixa.
"O Brasil segue surfando numa onda favorável. O dólar ganhou mais um reforço para sua trajetória de baixa com a aprovação da repatriação, mas a queda a partir de agora, com esse patamar, deve ser mais contida", comentou um profissional sênior da mesa de câmbio de uma corretora nacional.
Na noite passada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto para nova rodada de regularização de ativos mantidos ilegalmente no exterior, a chamada repatriação, programa que rendeu mais de 45 bilhões de reais ao governo no ano passado. Para essa nova fase, existem expectativas de que mais 20 bilhões a 30 bilhões de reais possam ser levantados. matéria, no entanto, volta agora ao Senado, por conta das modificações feitas, já que o projeto original é daquela Casa.
Ao longo do último mês, o dólar testou várias vezes o nível de 3,10 reais até conseguir rompê-lo. O atual nível, em torno de 3,05 reais, era indicado por alguns profissionais com novo piso informal do mercado.
"O dólar já caiu bastante e, neste patamar, falta um pouco de fôlego para ir além. Mesmo com a perspectiva de nova repatriação, os volumes não devem ser tão robustos quanto na primeira edição", avaliou Miriam Tavares.
No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas .DXY após onze dias de ganhos consecutivos. (Edição de Patrícia Duarte e Luiz Guilherme Gerbelli)