* Importadores aproveitam baixas cotações para comprar dólar
* Mercado espera que alta de juros nos EUA demore mais a acontecer
* Reforma da Previdência até final do mês é bem vista pelo mercado
Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 8 Set (Reuters) - O dólar voltou a operar em queda ante o real nesta quinta-feira, influenciado pela perspectiva de adiamento do processo de aumento de juros nos Estados Unidos, após chegar a ser negociado pontualmente em alta pela ação de importadores em busca de cotações mais em conta.
Às 12:41, o dólar BRBY recuava 0,18 por cento, a 3,1906 reais na venda. O dólar futuro DOLc1 tinha queda de cerca 0,30 de por cento.
Na mínima da sessão, a moeda bateu em 3,1656 reais e, na máxima, atingiu 3,2187 reais.
"Houve um movimento especulativo no final da manhã, com o BCE e, sobretudo, pela compra de importadores, que aproveitaram o preço baixo. Agora, a moeda voltou à trajetória esperada", comentou o operador da Spinelli, José Carlos Amado, referindo-se ao Banco Central Europeu.
Em entrevista depois do encontro de política monetária, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que não foi discutido aumentar os estímulos monetários na reunião desta manhã, o que ajudou a pressionar pontualmente a moeda norte-americana.
A queda do dólar era influenciada pela perspectiva de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não deve elevar os juros da maior economia do mundo tão cedo, mantendo a atratividade aos investidores globais de outros mercados que oferecem maiores rendimentos, como o Brasil.
Na véspera, o Fed divulgou seu Livro Bege e informou que a economia dos Estados Unidos expandiu a um ritmo modesto em julho e agosto, mas que havia poucos sinais de que as pressões salariais estão sendo sentidas além dos postos de trabalho altamente qualificados. a manhã, foi divulgado que o número de norte-americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego caiu inesperadamente na semana passada, indicando força sustentada do mercado de trabalho, mesmo com o ritmo de crescimento desacelerando. ainda o fato de as importações dos chineses terem crescido em agosto, pela primeira vez em 22 meses, sugerindo que a demanda doméstica pode estar se recuperando, alimentando expectativas de melhor desempenho da economia global. fronte interno, a queda da moeda norte-americana ante o real também era favorecida pela notícia de que o governo de Michel Temer vai encaminhar a proposta de reforma da Previdência até o final do mês, antes das eleições municipais, considerada um dos principais pontos para colocar as contas públicas do país em ordem. outro lado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou como "inócua" a proposta, segundo o jornal O Estado de S.Paulo, argumentando que ela somente dar entrada na Casa no início de outubro mesmo. Banco Central realizou nesta manhã nova oferta de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares. (Edição de Patrícia Duarte)