* Entrevista de Ilan à Reuters influencia recuo do dólar
* Entrada de recursos favorece cotações mais fracas
Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 16 Set (Reuters) - Numa sessão de bastante volatilidade, o dólar se firmou em baixa ante o real nesta sexta-feira, influenciado por viés político favorável e depois de entrevista do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, à Reuters, na qual disse ver menos espaço para reduzir o estoque de swap cambial tradicional.
"Os Estados Unidos indo na direção de uma normalização (dos juros) mostra que o intervalo de tempo para os emergentes se ajustarem está se esgotando e, por isso, a propensão do Banco Central de fazer grande oferta de swap é menor", explicou o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont.
Às 15:02, o dólar BRBY recuava 0,56 por cento, a 3,2832 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda marcou 3,2770 reais e, na máxima, 3,3210 reais. O dólar futuro DOLc1 caía 0,69 por cento neste começo de tarde.
Na entrevista à Reuters, Ilan disse que o BC enxerga menor espaço para redução do estoque de swaps cambiais tradicionais - equivalentes à venda futura de dólares - diante da perspectiva de aumento dos juros nos EUA batendo à porta. mercado entendeu que o presidente do BC sinalizou que pode reduzir as intervenções no mercado de câmbio, o que significaria espaço para o real se valorizar ante o dólar.
Além da entrevista, houve ingresso de recursos no mercado, favorecendo o recuo da cotação do dólar, e o mercado gostou do apoio do centrão --que reúne aproximadamente 200 deputados-- ao governo, o que abre espaço para aprovação das medidas fiscais. sentido, pegou bem também a notícia de que o presidente Michel Temer decidiu vetar integralmente o projeto de lei que dava reajuste de 60 por cento nos salários dos defensores públicos da União. destacou que o noticiário interno se sobrepôs ao exterior nesta sessão --lá fora, o dólar sobe ante outras divisas emergentes--, embora esse ainda seja predominante diante da expectativa por um aumento dos juros nos Estados Unidos.
Mais cedo, o mercado repercutiu os indicadores norte-americanos, com destaque para o dado de inflação acima do esperado, o que sinaliza espaço para o banco central norte-americano aumentar a taxa de juros na próxima semana.
"O indicador deveria anular a queda (vista no início dos negócios), mas a briga estava grande, com o volume (de negócios do dólar futuro) superelevado na BM&F", comentou mais cedo o operador da H.Commcor Cleber Alessie Machado.
"Fluxo de entrada de recursos segurou os preços em baixa mais cedo, e mesmo depois do dado mais forte de inflação dos EUA", comentou ainda um operador em São Paulo.
O índice de preços ao consumidor nos EUA subiu 0,2 por cento no mês passado, após ficar inalterado em julho e diante de expectativas de avanço de 0,1 por cento. manhã, o Banco Central vendeu todos os 5 mil contratos de swap cambial reverso ofertados.
(Edição de Camila Moreira)