Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 26 Nov (Reuters) - O dólar operava em alta acima de 1,5 por cento, em direção aos 3,90 reais, com fluxo de saída de recursos em ambiente de volume um pouco mais enxuto e fortalecimento do dólar ante divisas emergentes no exterior, sem tirar do foco o cenário político local.
Às 12:15, o dólar BRBY avançava 1,77 por cento, a 3,8900 reais na venda, depois de bater a máxima de 3,8909 reais. O dólar futuro DOLc1 tinha alta de cerca de 1,50 por cento.
"O mercado está pequeno (com poucos negócios) e estamos vendo saída. Além disso, o estrangeiro segue engrossando suas posições compradas (que apostam na alta) do dólar", argumentou um gestor de derivativos de uma corretora estrangeira.
Mais cedo, o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior, já havia lembrado que no final do ano é natural haver saída de recursos do país, com empresas remetendo recursos a suas matrizes, o que acaba por pressionar as cotações da moeda.
"Ao ultrapassar os 3,85 reais, o dólar pode facilmente tentar buscar os 3,90 reais", pontuou Faria Júnior ao acrescentar que a agenda carregada nesta e na próxima semana, sobretudo nos EUA, pode ajudar a pressionar o câmbio local.
O banco central dos EUA divulgará na quinta-feira a ata de seu último encontro de política monetária. No final da semana, os presidentes norte-americano, Donald Trump, e chinês, Xi Jinping, devem se reunir na cúpula do G20, com expectativa de que possa ser costurado um acordo que dê fim à guerra comercial dos dois países.
A expectativa sobre a trajetória dos juros pelo Federal Reserve tem permeado os negócios, com os temores de enfraquecimento da economia global reforçando a leitura de que o Fed poderia ser mais suave nos aumentos da taxa. A expectativa, por ora, é de mais cinco aumentos até o início de 2020, sendo dezembro o quarto deste ano.
Com o juro mais alto nos EUA e estável no Brasil --a pesquisa Focus desta segunda-feira trouxe perspectiva menor para a alta da Selic em 2019--, o diferencial de juros entre os países também ajuda a sustentar a trajetória de alta da moeda ante o real.
"O local vem sustentando a bolsa e os DIs, mas no dólar falta estrangeiro", disse Faria Júnior ao destacar que o investidor de fora "está com receio com o mercado de riscos". "Não necessariamente com o Brasil, mas nosso cenário político também contribui para não gerar mais atratividade", acrescentou.
Ele se referia à expectativa dos investidores pela aprovação de reformas no próximo governo e à formação da equipe do novo governo, considerada técnica mas que pode dificultar as negociações políticas para as reformas.
No exterior, o dólar caía ante a cesta de moedas .DXY , com destaque para a alta do euro após acordo entre União Europeia e Reino Unido para o Brexit e sinais da Itália de que poderia mudar sua meta orçamentária para 2019.
Ante as moedas emergentes, o dólar ganhou força e subia com mais vigor ante o peso mexicano MXN= e a chileno CLP= , embora recuasse ante a lira turca TRY= .
O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 10,2 bilhões de dólares do total de 12,217 bilhões de dólares que vence em dezembro. mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral. (Edição de Camila Moreira e Iuri Dantas)