(Texto reescrito para acrescentar novas cotações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 16 Jun (Reuters) - O dólar abandonou a queda de mais cedo e passou a subir ante o real nesta terça-feira, com uma rápida virada para cima depois de o chefe do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, reiterar cautela sobre a recuperação da economia e adotar tom conservador a respeito do programa de compra de títulos corporativos individuais.
Na véspera, o anúncio pelo Fed do programa ajudou a melhorar o ânimo dos agentes financeiros, por aumentar o escopo de ativos que podem se beneficiar dos enormes estímulos disponibilizados pela autoridade monetária.
O dólar passou a subir no Brasil enquanto a moeda acelerou os ganhos no exterior frente a uma cesta de rivais. Divisas emergentes --que assim como o real, se valorizaram mais cedo-- passaram a perder terreno.
Às 12h44, o dólar à vista BRBY subia 0,59%, a 5,1722 reais na venda. O dia já mostrou grande volatilidade, com a divisa oscilando entre queda de 1,81% (a 5,0490 reais) e alta de 1,39% (para 5,2134 reais).
"O contexto de recuperação dos ativos continua frágil e dependente de fatores de baixíssima previsibilidade", disse a Infinity Asset em nota, mas "a monumental liquidez internacional força os investidores a manterem um cenário de mercado praticamente apartado do que se considera o mundo real".
Mais cedo, o mercado vendera dólares ante o real após salto recorde nas vendas no varejo norte-americano em maio, que fortaleceu expectativas de que o pior para a maior economia do mundo pode ter ficado para trás. O número se sobrepôs ao do varejo brasileiro, que em abril sofreu o maior tombo em 20 anos. financeiros mostravam cautela também antes de, na quarta-feira, o Banco Central anunciar sua decisão de política monetária, com ampla expectativa entre investidores de corte de 0,75 ponto percentual da taxa Selic.
Nos últimos meses, o cenário de juros baixos no Brasil tem colaborado para alta da moeda norte-americana, uma vez que reduz os rendimentos de ativos locais atrelados à Selic, afastando o investimento estrangeiro. Esse contexto, somado a incertezas políticas locais, pode voltar a pressionar a moeda brasileira, que chegou a se aproximar da marca de 6 por dólar em meados de maio.
Na última sessão, o dólar spot teve alta de 1,92%, a 5,1421 reais na venda. (Edição de José de Castro)