SÃO PAULO, 4 Fev (Reuters) - O dólar subia mais de 1% ante o real na tarde desta quinta-feira, dia de rali global da moeda norte-americana, com percepção de maior atratividade dos mercados nos Estados Unidos diante de sinais de que a maior economia do mundo está se recuperando mais rapidamente da crise gerada pela pandemia.
O dólar ganhava contra 29 de seus 33 principais rivais. O índice da moeda dos EUA =USD ia a máximas em dois meses. Enquanto isso, as bolsas de valores em Wall Street .SPX .DJI .IXIC subiam cerca de 0,9%.
Aqui, a moeda norte-americana BRBY subia 1,41%, para 5,4445 reais, bem perto das máximas da sessão.
No exterior, pares do real operavam em queda, com destaque para a baixa de 1,1% do peso mexicano MXN= . Dentre as principais moedas, o euro EUR= tinha o pior desempenho, em baixa de 0,6% no dia e estendendo para 3,1% a perda acumulada desde o pico de um mês atrás.
O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego diminuiu na semana passada, e as novas encomendas de produtos fabricados nos Estados Unidos subiram mais do que o esperado em dezembro, conforme dados divulgados nesta quinta. mais fortes nos EUA são positivos para mercados de risco, mas, num momento de economias abaladas em todo o mundo, podem reforçar a percepção de refúgio atribuída aos ativos norte-americanos --o que, na prática, pode levar investidores a migrar investimentos de praças mais arriscadas para os EUA.
"No geral, o maior receio de curto prazo é que uma correção de posições compradas em euro contra o dólar tenha um impacto (negativo) sobre o sentimento de risco de curto prazo maior do que merece e que isso, combinado com uma correlação dos mercados a favor e contra risco, provoque um desmonte indiscriminado de posições em moedas de beta alto", disse o Société Générale (PA:SOGN) em nota. "Um amplo rali do dólar é provável", completou.
Divisas de beta alto costumam reagir com mais intensidade às direções dadas pelo mercado, e o real é um exemplo clássico dessa lista. A moeda brasileira, aliás, é a mais volátil do mundo BRL3MO= , reflexo da incerteza adicional de investidores com os rumos político-fiscal e seus desdobramentos sobre a agenda macro, num contexto de baixos retornos oferecidos pelo real --o que coloca a moeda em desvantagem perante rivais.
E mesmo a perspectiva de elevação dos juros no Brasil ainda parece insuficiente para mudar o curso da moeda doméstica.
O UBS BB (SA:BBAS3) se diz "cautelosamente otimista" com o real, citando perspectiva de aperto monetário, mas lembra a crescente pressão para reedição do auxílio emergencial em meio à necessidade de reformas.
"Os novos líderes do Congresso, sem dúvida, fornecem um melhor ponto de início para que esse resultado (aprovação de reformas) se materialize. Com aumentos de taxas de juros no horizonte, os juros em reais podem aumentar, mas os riscos fiscais continuarão no destino do real", disseram. (Por José de Castro; Edição de Isabel Versiani)