(Texto atualizado com mais informações)
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) - Depois de cair por seis sessões consecutivas, o dólar era negociado em alta acentuada contra o real nesta quinta-feira, dia em que investidores dividiam o foco entre tensões sino-americanas e indicadores econômicos do Brasil e dos Estados Unidos, mantendo o noticiário político doméstico no radar.
O acirramento da "disputa" pela Ptax de fim de mês também estava no radar nesta sessão.
Às 10:56, o dólar BRBY avançava 1,19%, a 5,3457 reais na venda. Na máxima, a cotação foi a 5,3515 reais, alta de 1,30%, enquanto na mínima, atingida logo no começo do pregão, teve variação positiva de 0,06%, a 5,2860 reais.
Na B3, o dólar futuro DOLc1 operava em alta de 1,30%, a 5,3445 reais.
"O dólar andou caindo muito esses dias; foram seis dias seguidos de queda depois de ter quase 'arranhado' aqueles 6 reais", comentou Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais. O quadro segue "de volatilidade mesmo, com o mercado absorvendo problemas internacionais e tensões entre EUA e China", acrescentou.
Analistas da XP Investimentos chamaram atenção para um "dia de tensões potencialmente elevadas na política". "As atenções se voltam à reação do Palácio do Planalto e de seus aliados à operação da Polícia Federal de ontem", disseram em nota.
Na véspera, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra aliados e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para apuração de ataques e notícias falsas contra ministros do STF. tensões entre os poderes Executivo e Judiciário seguem no radar dos investidores depois que o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um habeas corpus para suspender imediatamente o depoimento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, determinado pelo ministro da corte Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das chamadas fake news. lado macro, a manhã desta quinta-feira era carregada de dados importantes dos Estados Unidos e do Brasil, que revelaram ainda mais impactos da pandemia de Covid-19 sobre a economia.
Números mostraram que o desemprego voltou a aumentar no Brasil e chegou ao maior nível em um ano no trimestre encerrado em abril, com perdas recordes na ocupação, e o número de desempregados atingindo 12,8 milhões, diante das dispensas provocadas pelas medidas de restrição ao coronavírus. EUA, a economia encolheu a uma taxa anualizada de 5,0% no primeiro trimestre, maior recuo desde a recessão de 2007 a 2009, enquanto mais 2,123 milhões de norte-americanos solicitaram auxílio-desemprego na semana passada. isso, a permanência das tensões entre Estados Unidos e China piorava expectativas de investidores em relação a uma recuperação econômica. O Parlamento da China aprovou nesta quinta-feira a decisão de levar adiante uma legislação de segurança nacional para Hong Kong, em meio a perspectiva de retaliação por parte do presidente norte-americano, Donald Trump. último pregão, o dólar spot fechou em queda de 1,44%, a 5,2828 reais na venda, e acumulou perda de mais de 8% no decorrer dos últimos seis dias de negociações. Ainda assim, a divisa tem alta de mais de 33% contra o real no ano de 2020, impulsionada por um ambiente de juros baixos e incertezas econômicas e políticas.
Segundo Álvaro Bandeira, a recuperação recente do real não veio para ficar, e a volatilidade deve continuar nos mercados enquanto as incertezas internacionais e locais não forem resolvidas.
O Banco Central anunciou para esta quinta-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos, em oferta distribuída entre os vencimentos setembro de 2020 e fevereiro de 2021. (Edição de José de Castro)