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CÂMBIO-Dólar sobe 1% nesta sexta e acumula alta na semana com mercado ressabiado sobre tema fiscal

Publicado 14.08.2020, 21:14
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(Texto atualizado com mais informações)

Por José de Castro

SÃO PAULO, 14 Ago (Reuters) - O dólar fechou em firme alta ante o real nesta sexta-feira, amparado pela demanda de investidores por proteção antes do fim de semana, conforme o mercado adota cautela com o noticiário fiscal.

O dólar à vista BRBY terminou a sexta em alta de 1,12%, a 5,4274 reais na venda. A cotação oscilou entre apreciação de 1,41%, para 5,443 reais, e queda de 0,18%, a 5,358 reais.

Com os ganhos desta sexta, o dólar acabou subindo 0,27% na semana, revertendo queda acumulada até a véspera. A moeda sobe 4,00% em agosto e 35,25% em 2020, o que faz do real a divisa de pior desempenho do ano e a de terceira maior queda no mês --melhor apenas que peso chileno CLP= e lira turca TRY= .

A gangorra no mercado cambial persistiu, com a moeda brasileira voltando a ocupar o posto de pior desempenho na sessão entre as principais divisas, um dia depois de liderar os ganhos e dois dias após ser lanterna entre seus pares.

"São poucos players atuando de verdade no mercado, que fica sujeito a essa volatilidade", disse um gestor em referência ao pregão desta sexta.

Outro afirmou que, como pano de fundo, há um "mal-estar forte" com Brasil, sobretudo por causa das discussões no campo fiscal.

A incerteza no âmbito das contas públicas foi o tema da semana, que contou com elevação de tom da parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, depois da saída, na terça, de dois dos mais importantes secretários da pasta. A tensão chegou a tal ponto que forçou o presidente Jair Bolsonaro e os chefes das casas legislativas a afinar o discurso em defesa do teto de gastos e do equilíbrio fiscal em fala à imprensa na quarta-feira.

Mas, na quinta, Bolsonaro admitiu discussões internas no governo sobre furar o teto de gastos públicos e ainda fez críticas ao mercado financeiro, do qual cobrou "patriotismo". da XP Investimentos mostrou nesta sexta-feira que a maioria dos investidores institucionais consultados vê alguma forma de ajuste no teto de gastos para permitir despesas adicionais em 2021. De acordo com a sondagem, o dólar poderia ir a 6,50 reais em caso de ausência desse mecanismo. fala de ontem (de Bolsonaro) pode ter causado algum ruído hoje, mas é preciso entender o contexto. Ele reconheceu as pressões, e isso já se sabia", disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital.

Tatsumi afirmou que, fazendo ajustes, o nível atual de 5,40 reais por dólar equivale aos recordes perto de 5,90 reais vistos em maio. Com isso, ele entende que o real está excessivamente depreciado para o curto prazo, citando que, contra o peso mexicano, a moeda brasileira está nas mínimas em vários anos. BRLMXN=R

"Temos uma posição vendida em dólar, pequena, porque achamos que os preços estão esticados", disse, citando elevadas posições compradas em dólar por parte de fundos via contratos na B3 e as transações correntes relativamente saudáveis do Brasil.

"Fundamentalmente, porém, a lentidão do crescimento estrutural do Brasil e a falta de juros altos jogam contra o real no médio prazo", ponderou.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, avaliou nesta sexta-feira que é um fato que o diferencial de juros mais baixo leva a um nível mais alto de câmbio, mas pontuou que não é tão simples fazer essa ligação para explicar a volatilidade cambial. volatilidade implícita nas opções de dólar/real para três meses BRL3MO= --uma medida da incerteza em relação à taxa de câmbio-- subiu a 20,06%, nas máximas desde o começo de julho. O real tem a segunda maior volatilidade implícita entre as principais divisas emergentes, a uma curta distância da volatilidade associada à lira turca (20,56%). TRY3MO= TRY=

(Edição de Isabel Versiani)

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